Na semana conclusiva do fashion month, a capital francesa torna-se o centro do mundo.
Na semana conclusiva do fashion month, a capital francesa torna-se o centro do mundo.
© ImaxTree
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A semana de Moda parisiense é mais facilmente comparável a um frenesim de publicidade do que a um evento dedicado à Moda. A capital francesa enche-se de celebridades de todo o mundo, incluindo uma quantidade preocupante de Tiktokers. Mas fora o circo das ruas de Paris, o que realmente nos importa encontra-se atrás de portas fechadas. Os desfiles dos nomes mais importantes da Moda ditam as tendências para a próxima estação fria.
Quando se menciona Moda francesa, nomes como Chanel ou Dior saltam-nos à mente. Mas os desfiles mais esperados deste mês foram aqueles onde se estrearam novos designers. Nina Ricci, Ann Demeulemeester e Off-White sofreram mudanças significantes nas suas equipas . A direção criativa da primeira foi assumida por Harris Reed, o prodígio da Moda gender fluid. Para a sua estreia, o designer britânico não divergiu da sua estética comum. Silhuetas pomposas, cores vibrantes e materiais luxuosos fizeram parte de uma coleção algo que previsível para Reed. Da mesma forma, Ludovic de Saint Sernin criou a sua primeira coleção para a marca Ann Demeulemeester. Com um foco na transparência e silhuetas simples, o jovem designer jogou pelo seguro. Finalmente, e como a cereja no bolo das estreias da semana, Ibrahim Kamara iniciou o seu percurso na Off-White. Encarregado de preservar o legado de Virgil Abloh, o diretor criativo alcançou o inesperado: honrou o passado da marca enquanto sugeria o que será o seu futuro. Kamara combinou as suas raízes culturais com a cultura noturna de Londres, com referências a filmes sci-fi numa mistura tão refrescante como bem-sucedida.
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Os novos nomes da semana da Moda de Paris enfrentaram um desafio intimidante. Partilhar um calendário com titãs como Louis Vuitton e Christian Dior é, no mínimo, aterrador. Por falar em gigantes, a coleção da Chanel de outono/inverno 2023 foi dedicada a um dos mais importantes símbolos da maison: a camélia. Num comunicado de imprensa, Virginie Viard explica a sua dedicação ao tema: “a camélia é mais que um tema, é um eterno código da marca, gosto da sua suavidade e força.” Esta preferência foi notável na coleção que apresentou, equilibrando casacos masculinos com vestidos delicados.
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Não foi só na Chanel que os códigos de marca se assumiram como inspiração. Nas propostas de outono/inverno da Christian Dior, Maria Grazia Chiuri escolheu reinterpretar o New Look. A silhueta icónica foi modernizada pela designer italiana através de camisas brancas e saias elegantes. O cenário do desfile foi uma fonte de orgulho para todos os portugueses. A artista Joana Vasconcelos criou uma estrutura colorida onde flores compostas a partir de têxteis desceram do teto. A obra envolvente foi suficiente para espantar tanto os privilegiados convidados como aqueles que acompanhavam o desfile nas redes sociais.
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Também a coleção de Louis Vuitton ponderou a identidade da maison. O estilo francês foi central num desfile onde o minimalismo foi privilegiado. Elementos fundamentais da Moda francesa, como colares de pérolas e camisolas de malha, foram reconsiderados por Nicolas Ghesquière. Em vez de se centrar numa perspetiva eurocêntrica, o designer francês inspirou-se na diversidade da sua equipa. Os últimos looks da coleção recorreram a estéticas não europeias, procurando questionar: “o que significa ser francês?”.
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Na Loewe, John Anderson provou mais uma vez ser o prodígio do grupo Kering. Responsável pelo atual sucesso da marca, o designer britânico voltou a criar uma coleção adorada pelos críticos. Para o outono/inverno 2023, as propostas da marca espanhola exploraram a tensão entre o bizarro e o elegante. Drapeados interessantes desafiam a gravidade, com um efeito líquido. Looks compostos inteiramente de penas assumem uma normalidade desconcertante.
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Um dos momentos mais esperados da semana era com certeza o desfile da Balenciaga, o primeiro após o escândalo que decorreu em dezembro do ano passado. Seria esta a coleção que salvaria a marca da sua ruína moral? Aparentemente sim. A abordagem minimalista da coleção, assim como as palavras sentidas de Demna Gvasalia que a acompanharam, reintegraram Balenciaga nas boas graças da indústria da Moda. Vestidos e sobretudos sóbrios substituem peças com sucesso comercial em mente. O designer criou uma homenagem ao legado da marca que, quem sabe, nos poderá informar do futuro da Balenciaga.
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A coleção apresentada pela Valentino centrou-se no ícone da gravata preta. Elegantes vestidos, camisas brancas, casacos repletos de plumas: todos se conectaram pela presença de uma gravata. O uso de cores extravagantes, um dos símbolos do design de Pier Paolo Piccioli, diretor criativo da marca, foi ponderado. Pops de cor assumiram o papel de pontuação numa coleção dominada pelo preto e branco.
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Após o sucesso viral (e consequente escândalo) da sua última coleção de Alta-Costura da Schiaparelli, Daniel Roseberry apresentou o primeiro desfile de ready-to-wear da maison. O diretor criativo afastou-se da teatralidade que se tornou sinónimo do seu nome, focando-se ao invés em peças elegantes. O drama pode ter estado ausente, mas as referências ao passado de Schiaparelli, e à sua fundadora, são uma constante. Os vestidos e turbantes incluídos nas propostas para o outono/inverno assemelham-se a cópias diretas dos designs de Elsa Schiaparelli.