Semana de Moda de Londres
Para a celebração histórica, os designers britânicos honraram a sua cultura nacional — da nostalgia de JW Anderson à ode rural da Burberry.
Não é todas as estações que se comemora um 40º aniversário. Mas a celebração da Semana de Moda de Londres foi feita com menos pompa e circunstância do que o esperado. A crise económica e a consequente desaceleração do crescimento do mercado de luxo são sentidas entre os ateliers londrinos. Apesar das adversidades, tanto os mestres como os aprendizes da Moda britânica fizeram questão de ilustrar o que faz a Semana de Moda de Londres tão valiosa no panorama global. Diferenciada por uma rebeldia idiossincrática, a capital sempre foi o berço dos maiores nomes da indústria. E, mesmo face a crises passadas, Londres sempre conseguiu encontrar forma de transformar limões em limonada. O espírito de celebração fluiu um pouco por todas as coleções apresentadas. Ainda que não de forma admitida, uma rápida análise das coleções revela um tema comum: a cultura britânica.
![Richard Quinn FW24 Backstage](/uploads/photos/muRo9Tck9VrPX73Nec48DDaTaQah3NbGS4dRrSRW.jpg)
Richard Quinn FW24 Backstage
Acielle | @styledumonde
Para a sua terceira coleção na Burberry, Daniel Lee apresentou 58 looks inspirados na diversidade dos fãs da marca. O resultado foi a coleção mais bem-sucedida da Burberry sobre a sua direção. Em vez de extrapolar interpretações do cânone da marca, Lee focou-se na sua alma. Afastando-se da paleta de cores subtilmente radioativa das suas últimas duas coleções, o designer focou-se nas cores do campo inglês. Khakis, cinzentos e verdes governam soberanos. Houve um claro interesse em voltar aos básicos da marca — trench coats, casacos pesados, malhas grossas. Mas, mesmo que funcional, Lee adicionou o seu toque de luxo a peças básicas. Casacos longos foram adornados com faux fur. Camisolas de caxemira foram enfeitadas com penas. Calças funcionais revelaram tartan quando dobradas na bainha.
![Burberry FW24](/uploads/photos/7JtlU2FKu91GmrA65kQ6km6qZLbFiO4nU7O3j1qG.jpg)
Burberry FW24
Launchmetrics Spotlight
Se Lee se inspirou no campo britânico, Jonathan Anderson analisou os subúrbios. A coleção de JW Anderson outono/inverno 2024 foi uma ode ao passado nebuloso que a nostalgia projeta. Com um toque quase assustador, o designer irlandês criou uma coleção elegantemente desconcertante. Malhas invulgares são referências diretas à peculiaridade da cultura britânica. A intelectualidade de Anderson é sempre equilibrada com uma jovialidade camp. Saias tentaculares com fitas coloridas como franjas revelavam as pernas das modelos à medida que estas desfilavam. Casacos ridiculamente oversized deformaram a anatomia humana.
![JW Anderson FW24 Backstage](/uploads/photos/x8DTyDRBVp4ofmFNcccpHyGgAmGRI7MUfFusjOJN.jpg)
JW Anderson FW24 Backstage
Acielle | @styledumonde
Para Simone Rocha, a influência britânica é bem mais séria, arriscamo-nos a dizer glamourosa. Completando a parte final do tríptico das suas últimas três coleções, a designer irlandesa apresentou “The Wake” (O Velório), inspirado no período de luto de (ironicamente) 40 anos de luto da Rainha Vitória. Com cores escuras, texturas opulentas e transparências vulneráveis, as propostas de Rocha foram extremamente bem-sucedidas. A inspiração que sentiu sua colaboração com Jean Paul Gaultier foi aparente na sua exploração de corpetes. Eternamente capaz de penetrar referências históricas com uma feminilidade refrescante, Rocha fechou a tríade da sua conceção com chave de ouro. Também Richard Quinn se inspirou numa rainha britânica, a Rainha Elizabeth II, pela qual nutre uma admiração admitida. Com um foco em moda nupcial, Quinn canalizou a energia da alta sociedade do século XX.
![Simone Rocha FW24 Backstage](/uploads/photos/jkxPzoJtdqcgSd1DtwpiaNwog0xow9zk4uK7Cjl9.jpg)
Simone Rocha FW24 Backstage
Acielle | @styledumonde
Ainda que algumas marcas, como Supriya Lele ou Chopova Lowena, tenham decidido evitar o custo (frequentemente desnecessário) de uma apresentação física, outras fizeram questão de fazer presença no horário oficial. Chet Lo inspirou-se mais uma vez na cultura chinesa, criando uma coleção baseada no exército de terracota, uma coleção de mais de oito mil estátuas do primeiro imperador chinês. A influência foi sentida em detalhes metálicos que transformaram looks em verdadeiras armaduras. Famoso pela textura spikey da sua malha, esta estação Lo incorporou a sua imagem de marca de forma mais subtil, disfarçada em peças casuais.
![Chet Lo FW24](/uploads/photos/w1H1YBASJjaHGZbnDhFAjbFEA5OCaqYoyTRABXbH.jpg)
Chet Lo FW24
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Knwls, a marca mantida pela dupla de Charlotte Knowles e Alexandre Arsenault, apresentou uma coleção arrojada, inspirada nos anos 80 (ironicamente a mesma década em que a Semana de Moda de Londres foi criada. Coincidência? Muito provavelmente). As propostas de outono/inverno 2024 foram inesperadamente maduras. Conhecida pela sua abordagem jovem, Knwls substitui minissaias por pencil skirts, crop tops por power shoulders.
![Knwls FW24](/uploads/photos/mEIc1whsfLt4X0clPDpuWz4k0bEvNR2swDJwfBLI.jpg)
Knwls FW24
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Finalmente, Dilara Findikoglu reafirmou a sua posição enquanto uma das designers mais entusiasmantes da indústria britânica. Após a ausência na estação passada, Findikoglu voltou em força. As suas propostas foram apresentadas através de uma performance dramática. Se as semelhanças entre a direção desta e última coleção de Margiela Artisanal são demasiadas para ignorar, não é necessário preocupar-nos, não é imitação. A designer britânica-turca contratou o mesmo coreógrafo. Fora a sua apresentação, a coleção em si foi um manifesto anti patriarcal. Através de laços distorcidos, corpetes transparentes e panniers exagerados, Findikoglu alcançou o empoderamento feminino via o macabro.
![Dilara Findikoglu FW24](/uploads/photos/ikn2gQCG31yco3IiSj9hHHfNLInrMgbzuy6oAsvw.jpg)
Dilara Findikoglu FW24
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Também Marques’Almeida retornou ao calendário oficial. O casal composto por Marta Marques e Paulo Almeida voltou às passerelles britânicas após uma ausência de quatro anos. A sua coleção de reestreia na Semana de Moda de Londres foi uma reflexão sobre o conceito de idade. Ao brincar com ideias de proporção e textura, a dupla criou uma coleção que trespassa qualquer limitação etária.
![Marques'Almeida FW24 Backstage](/uploads/photos/qXiHd0vC6pdfRT99Ouoak0k18GLN4GV08qRcxrla.jpg)
Marques'Almeida FW24 Backstage
Acielle | @styledumonde
O panorama britânico é famoso pelo seu talento jovem. Nomes como Aaron Esh, Robyn Lynch, Paolo Canzana, Di Petsa, entre tantos outros, são a espinha dorsal que diferencia Londres do resto do mundo. Chamem-lhe crise de meia-idade, mas a Semana de Moda de Londres mantém-se tão jovem como sempre.
![Di Petsa FW24](/uploads/photos/U0sMP7EsXYZGNyyn2U60t70aZOZWtqNjitHNznwL.jpg)
Di Petsa FW24
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