Estas são as séries, estas são as mulheres, estas são as amigas que nos dizem que mesmo quando corre tudo mal, vai correr tudo bem.
Há séries que nos confrontam, nos atormentam, nos validam. Fazem-no como podem, quando podem, quando conseguem que os papéis para mulheres não sejam menosprezados, não sejam minimizados. Quando o conseguem, saem com tudo. Saem de mãos dadas. Saem do pequeno ecrã para nos falar de irmandade, para nos falar de amor. Estas são as séries, estas são as mulheres, estas são as amigas que nos dizem que mesmo quando corre tudo mal, vai correr tudo bem.
GLOW ©Netflix
Se repararmos bem, esta lista não é longa. É claro que não é completa, é claro que faltam alguns títulos mas, ainda assim, não são assim tantos. Isto porque os papéis para mulheres, e ainda mais para protagonistas femininas, também não são assim tantos. O que é estranho, só pode soar-nos a estranho, porque a amizade é dos fenómenos mais belos e metafísicos em que podemos acreditar – caramba, até os morcegos-vampiro fêmea cultivam relações próximas e partilham refeições sanguíneas quando as suas amigas não estão bem. A amizade torna-nos maiores, torna-nos melhores, aproxima-nos dos nossos iguais.
Um estudo da Universidade da Califórnia mostrou vídeos a vários estudantes – vídeos tão vastos como o comportamento da água no espaço, Liam Neeson a tentar fazer comédia de improviso ou os perigos de desportos violentos – e observou que o cérebro de amigos próximos reagia de forma incrivelmente similar. Faz sentido: quando somos realmente próximos de um amigo, partilhamos a escova de dentes, o tempo, o abraço, os sapatos, a vida e as ondas cerebrais. Vai na volta e ainda partilhamos as mesmas séries, aquelas cuja verdadeira protagonista é a amizade, crua, visceral, curativa, bonita porque real.