Andar às voltas na cama, demorar horas para adormecer ou acordar a meio da noite. Sweet dreams aren’t made of this.
Andar às voltas na cama, demorar horas para adormecer ou acordar a meio da noite. Sweet dreams aren’t made of this.
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Fotografia de Irving Penn
Fotografia de Irving Penn
Ficou a ver mais um episódio daquela série mesmo mesmo incrível e vai para a cama mais tarde do que contava. Deita-se, não sem antes fazer um scroll rápido no Instagram, ver se não tem notificações no Messenger ou alguma mensagem por responder no WhatsApp. Bem, já que está com o telemóvel na mão, mais vale ver se recebeu um e-mail importante (o que tem se são duas da manhã?). Põe o despertador, no telemóvel claro, mas apesar de ser com ele que acorda, não diz que não a pelo menos três snoozes, para mais uns minutos na cama. Bebe cinco cafés por dia, o ambiente no trabalho é uma pe- quena bolha de stress e... Não consegue dormir. Porque será?
Rebecca Robins é o que se pode chamar de uma verdadeira especialista do sono. A investigadora norte-americana estuda o impacto do sono na saúde há mais de dez anos. “Um dos principais mitos é acreditar que as pessoas se conseguem ‘safar’ com menos de sete horas. Este é o maior mito”, começa por contar à Vogue. “Normalmente, esta não é aquela pessoa que conhecemos diretamente, a nossa mãe ou irmã, é alguém mais distante do género ‘este tipo consegue dormir só quatro horas e está ótimo’. Mas é um mito, e infelizmente se essa pessoa diz que só dorme essas horas, é muito provável que esteja a fazer uma sesta durante a tarde. Porque não é fisiologicamente possível. Verdade seja dita, há exceções notáveis, mas a proporção desses indivíduos que dorme apenas cinco horas e que é saudável, e está em boa forma, não chega a 1% da população”, atesta. Será o Presidente da República, a quem, em todas as biografias e perfis, é atribuída uma noite de sono de não mais de quatro a cinco horas, parte desse 1%?
O que precisamos para uma boa noite de sono é, na verdade, muito mais do que isso. O ideal é entre sete a oito horas, e de forma consistente. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. “Temos provas extensivas de que dormir cinco horas ou menos de forma consistente, aumenta o risco de condições de saúde adversas, como doenças cardiovasculares e mesmo a nível de longevidade”, garante a investigadora. Só que, como em muitas coisas, quantidade não significa necessariamente qualidade. E no caso do sono, a qualidade é determinante para o descanso real. “Outro mito é que o sono é um processo passivo, que vamos para a cama, estamos deitados, dormimos e acordamos. Mas o sono é na verdade um processo com padrões, diferentes estados, no início da noite temos o sono mais leve, depois vem o sono profundo, que é ótimo para a nossa capacidade cognitiva, e tem este ritmo maravilhoso”, descreve Robins.
Só que para chegar a esse estado (designado por sono R.E.M., rapid eye movement, em português “movimento rápido dos olhos”, porque estes movem-se e a atividade cerebral é superior) não há atalhos, é preciso seguir uma sequência de fases, criando o ambiente certo para lá chegar. “Alguém com um sono saudável consegue passar por todos estes estados e acordar naturalmente”, diz a investigadora, garantindo que adormecer de imediato também não é necessariamente um bom sinal. “Se nos privarmos de comida, depois açambarcamos um prato de comida desenfreadamente. Isso é um sinal de alimentação saudável? Ou é um sinal de demasiada fome? Por isso, pessoas saudáveis levam cerca de 15 minutos para adormecer. É um processo. Adormecer de imediato pode ser um sinal de que não estão a dormir o suficiente”, afirma.
E quanto àquele copo de vinho depois de jantar? Talvez seja altura de o repensar. “Uma bebida é ok, duas já não é bom. Vai influenciar diretamente a qualidade do sono”, diz. “Pode até ajudar a adormecer, mas reduz dramaticamente a qualidade do sono e do descanso, retira-nos dos estados mais profundos do sono podendo até forçar-nos a acordar, e a não nos sentirmos cansados”, explica.
Atalhos para bons sonos
Não lhe chamam sono de beleza em vão. É que além de uma noite bem dormida ser capaz de fazer maravilhas pela nossa pele, a verdade é que a própria indústria da Beleza tem feito também muito pelo nosso sono. A marca This Works popularizou-se com os seus produtos para borrifar na almofada antes de ir dormir. O Deep Sleep Pillow Spray, um dos mais vendidos, é composto por lavanda, camomila e vetiver, um mix que promete induzir um estado de relaxamento que ajuda a adormecer mais rápido.
Há quem não passe sem eles. Mas há outras marcas, como a L’Occitane, que também têm sprays com fragrâncias tranquilizantes para vaporizar no quarto, todas as noites, 15 minutos antes de ir dormir. Mais recentemente, a Rituals, que já possuía artigos do mesmo género, acaba de lançar uma linha totalmente dedicada ao sono. De nome Sleep Collection, a gama faz parte da coleção The Ritual of Jing – pensada para proporcionar o melhor ambiente possível antes de dormir. Todos os produtos têm um odor calmante, desde a vela de massagem ao prático sérum em formato roll-on para aplicar nas testa, têmporas e pescoço antes de ir dormir.
Mas o destaque é mesmo uma pequena almofada recheada de sementes de linhaça e lavanda para colocar sobre os olhos e que, quando aquecida (pode levá-la ao microondas até um máximo de 30 segundos), ajuda no processo de relaxar e, se tudo correr bem, adormecer.
Artigo publicado originalmente na edição de abril de 2020 da Vogue Portugal.
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