Marcas como Burberry, Chanel e Nike, acompanhadas de grupos como o H&M Group, a Inditex e a Kering, vão unir forças com os líderes do G7, num pacto que visa uma indústria mais sustentável, consciente do seu impacto no meio ambiente e comprometida com uma mudança real e significativa.
Marcas como Burberry, Chanel e Nike, acompanhadas de grupos como o H&M Group, a Inditex e a Kering, vão unir forças com os líderes do G7, num pacto que visa uma indústria mais sustentável, consciente do seu impacto no meio ambiente e comprometida com uma mudança real e significativa.
Agents of Change, a campanha inverno 2019 de Stella McCartney
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A indústria da Moda acaba de dar aquele que é, possivelmente, o mais significativo passo na urgente questão da sustentabilidade. Hoje, dia 23 de agosto, 32 empresas anunciaram a assinatura do "Fashion Pact", um pacto que une a indústria e os líderes do G7 num compromisso global contra as alterações climáticas, a perda da biodiversidade e o impacto negativo da indústria nos oceanos.
Gerando 1,5 biliões de euros por ano, a indústria da Moda "é uma das maiores, mais dinâmica e mais influentes indústrias no planeta", mas também "uma das mais impactantes", tendo por isso "o poder para desempenhar um papel fundamental em liderar a mudança para um futuro mais sustentável", pode ler-se no pacto, que será apresentado na reunião do G7, que acontece nos próximos dias 24, 25 e 26 de agosto, em Biarritz.
Este pacto foi assinado por 32 empresas têxteis, representantes de cerca de 150 marcas e de 30% de toda a indústria, numa lista que inclui nomes como Burberry, Chanel, Salvatore Ferragamo, Hermès, Giorgio Armani, Moncler e Stella McCartney, e importantes grupos como o H&M Group (detentor da H&M, COS, & Other Stories, Arket, Monki e Weekday), a Inditex (detentora de nomes como Zara, Massimo Dutti, Uterqüe, Oysho, Pull & Bear, Bershka e Stradivarius) e o Grupo Prada.
O conglomerado Kering, que alberga Casas de luxo como Saint Laurent, Gucci, Bottega Veneta, Balenciaga e Alexander McQueen também é um dos assinantes deste importante compromisso — o resultado de meses de trabalho para encontrar um lugar em comum sobre aquele que é um dos mais complexos e desafiantes problemas da indústria. O "Fashion Pact" foi solicitado pelo Presidente francês Emmanuel Macron, que confiou a tarefa de reunir um número considerável de nomes da indústria da Moda neste compromisso ao presidente da Kering, Francois-Henri Pinault, no passado mês de abril.
Mais do que uma opção, um dever
De acordo com o Ministério da Ecologia francês, o setor têxtil representa 6% das emissões de gases com efeito estufa e 10% a 20% do uso de pesticidas; a utilização de detergentes, solventes e tingimentos nos seus processos de manufaturação são responsáveis por um quinto da poluição industrial na águas; e a Moda é ainda responsável por 20% a 35% dos microplásticos presentes no oceano.
Para além do impacto negativo no meio ambiente, a indústria da Moda tem estado sob pressão dos consumidores, especialmente das gerações mais jovens, para se tornar mais sustentável. As empresas que assinaram este pacto comprometeram-se a estabelecer uma série de metas concordantes com o objetivo de limitar os efeitos do aquecimento global e alcançar emissões neutras em carbono até 2050. Olhando para o futuro, é esperado que se consiga estabelecer objetivos semelhantes para proteger e restaurar os ecossistemas ameaçados pela atividade da indústria da Moda e trabalhar no sentido de reduzir a poluição dos oceanos, eliminando os plásticos de uso único até 2030.
"Quando estás na indústria da Moda, o melhor 'polícia' que tens não é o Estado, mas antes o consumidor, o cidadão", defendeu um representante da Kering ao Business of Fashion. "A partir do momento em que estas empresas fazem compromissos públicos, colocam os nomes dos seus detentores, dos CEO's, as coisas têm mesmo que ser postas em prática."
Marie-Claire Daveu, chefe do departamento de sustentabilidade da Kering, declarou ao The Guardian que este pacto irá permitir que as lojas internacionais partilhem as melhores práticas e ideias, combinando o seu poder para impulsionar a mudança desde as práticas agrícolas envolvidas no fornecimento de matérias-primas. "Muitas empresas já tiveram a iniciativa, mas se fizerem as coisas individualmente, o impacto será menor do que se trabalharem em conjunto", explicou Daveu ao jornal britânico.
"Cada vez mais consumidores e clientes, bem como a Geração Z e os Millennials, estão a exigir que as marcas ajam. As empresas listadas também percebem que cada vez mais investidores e analistas financeiros têm em conta fatores como as alterações climáticas na gestão dos riscos. Os presidentes e os designers também são cidadãos do mundo e estão extremamente conscientes do papel importante que desempenham naquela que é uma das mais importantes questões do século", defendeu. "Não é uma opção — hoje, é um dever para quem está à frente de uma empresa internacional."
Há mais sobre sustentabilidade na edição de setembro de 2019 da Vogue Portugal, em breve nas bancas.
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