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Taylor Hill: "A mulher mais confiante é a mais bonita"

05 Mar 2020
By Ana Murcho

Era uma vez uma rapariga de Palatine, Illinois, uma cidadezinha americana com menos de 70 mil habitantes, que conquistou o mundo da Moda. Habituada a vestir mil personagens, do anjo sexy em lingerie à menina bem-comportada das marcas mais icónicas do firmamento - we’re looking for Chanel, Fendi, Marc Jacobs, Versace - Taylor Hill abriu as asas e começou a explorar novos mundos. Como o cinema. E é precisamente pela mão da sétima arte que a girl next door se transforma em femme fatale, qual diva dos anos de ouro de Hollywood.

Era uma vez uma rapariga de Palatine, Illinois, uma cidadezinha americana com menos de 70 mil habitantes, que conquistou o mundo da Moda. Habituada a vestir mil personagens, do anjo sexy em lingerie à menina bem-comportada das marcas mais icónicas do firmamento - we’re looking for Chanel, Fendi, Marc Jacobs, Versace - Taylor Hill abriu as asas e começou a explorar novos mundos. Como o cinema. E é precisamente pela mão da sétima arte que a girl next door se transforma em femme fatale, qual diva dos anos de ouro de Hollywood. 

“Obrigada. Estou tão nervosa, quase caí das escadas.” É assim que começa o discurso de agradecimento de Taylor Hill, Modelo Feminino Internacional nos GQ Men Of The Year Awards 2019, em novembro passado: com nervosismo e emoção. A norte-americana, é uma veterana da indústria – a sua passagem por Lisboa, além de servir para homenagear a sua carreira, é igualmente escusa para (mais) um trabalho a contrarrelógio. Nada disso afeta o sorriso rasgado, a humildade e a predisposição natural para passar um bom bocado. Telemóvel na mão, concentra-se em ignorar as luzes e o público que assistem à leitura do seu texto, uma forma de dizer obrigada sem esquecer nada nem ninguém.

“Sou modelo desde que tenho 14 anos e todos os dias me sinto abençoada. Sou uma sortuda em fazer o que faço, mas sem dúvida que não o poderia fazer sozinha.” Pausa. “Oh meu Deus, estou tão nervosa. Não consigo respirar. Isto não me acontece muito. É a minha segunda vez a falar em público, por isso desculpem.” É nesses momentos que regressa a miúda simples de Palatine, que acabou por ser “descoberta” num rancho no Colorado, estado americano onde cresceu a andar a cavalo e a fazer desporto, a anos-luz das passerelles que haveria de conquistar. Ser considerada Modelo Feminino Internacional pela GQ Portugal é um privilégio. Taylor sabe disso. Garante que a revista é uma publicação à qual está especialmente atenta – e de onde gosta de tirar notas. “É que eu gosto de rockar um smoking tanto quanto o mais elegante dos homens.” E despediu-se, diáfana e maravilhosa, no seu vestido Redemption couture. 

Dias depois, Taylor está no meio de um set com dezenas de figurantes, prestes a fotografar o editorial da Vogue que acompanha esta entrevista. A top que subiu ao palco do Tivoli arregaça as mangas para uma longa maratona de cliques, onde será infinitas vezes mais versátil do que a imagem que temos dela. Como foi a experiência? É verdade que sempre quis ser atriz? “Adorei vestir-me de diferentes personagens e usar todas aquelas roupas cool e divertidas. Fui descoberta [por um scout de uma agência de modelos] no Colorado, ainda jovem. O mundo da Moda abriu-me muitas portas e estou-lhe muito agradecida. Atuar sempre foi uma paixão minha e estou muito comprometida em estudar e aprender a fazer isso da melhor maneira possível.” Não estamos a insinuar que Taylor, a modelo mais jovem a desfilar para a Victoria’s Secret (tinha 18 anos na altura), está de malas aviadas para o cinema; mas também não estamos a insinuar que não está.

Em 2016, participou no filme The Neon Demon, e é sabido que, desde então, já voltou a flirtar com o grande ecrã. É apenas justo perguntar-lhe quais são os seus planos na sétima arte. Será que põe a hipótese de ser atriz em tempo integral? “Filmar The Neon Demon foi uma experiência surreal, entrar num set de filmagens pela primeira vez e experimentar a agitação e a maneira única segundo a qual o realizador Nic Refn trabalha. No ano passado, tive a sorte de participar em mais séries e estou a aproveitar cada experiência e a aprender o máximo que posso. Amo onde estou agora; trabalhar para a minha nova paixão e continuar a fazer Moda. Planeio levar um dia de cada vez.” 

Um dia de cada vez é a resposta politicamente correta que obriga a um mini-inquérito às memórias de Taylor. Talvez assim consigamos saber onde, e como, começou este affair com a sétima arte. Lembra-se do primeiro filme que viu? Que impacto teve em si? “Lembro-me de ver A Pequena Sereia e de me ter apaixonado pela música. Amo os clássicos da Disney que ainda hoje vemos e que [continuam a ser] amados e compartilhados com as gerações mais novas.” Qual foi a película que viu mais vezes, aquela da qual nunca se cansa? “Harry Potter, porque quando era mais nova era completamente obcecada com a narrativa, e com a escrita, de JK Rowling.” 

Que atrizes a inspiram? “As minhas atrizes preferidas são Natalie Portman, Angelina Jolie, Audrey Hepburn, Jennifer Aniston, Cameron Diaz e Drew Barrymore. Essas mulheres são talentos incríveis e cada uma delas traz algo muito especial para o grande ecrã.” E que género prefere? “Os meus géneros favoritos são ação e comédia.” Última tentativa de sacar alguma informação mais específica, que nos aponte o futuro de Miss Hill: o que é que as câmaras têm para a fascinar tanto? “Sou fascinada por ver o resultado final; ver todas aquelas cenas juntarem-se para fazerem algo mágico. É realmente uma obra de arte. O trabalho e o talento de todos criam algo que te pode transportar para um tempo e um lugar diferentes.” Como a festa mais badalada do ano, a Vanity Fair Oscars Party, onde já é presença regular? “Ainda há momentos em que tenho de me beliscar e consigo ser muito tímida em relação às estrelas de cinema. Honestamente, ainda me considero uma rapariga de uma pequena cidade do Colorado.” No princípio, era o sonho, mas a menina tornou-se muito maior do que o sonho. 

A carreira de Taylor Hill é um desfiar de momentos (muito) bem-sucedidos. É habitual nas campanhas de Carolina Herrera e Ralph Lauren, a Forbes já a incluiu na sua lista anual de “modelos mais bem pagas do mundo”, aceitou vestir a pele de “anjo” da Victoria’s Secret em 2015 e, um ano depois, assinou um contrato com a Lancôme – e por mais que a indústria se tenha tornado impessoal, viral, e todas essas coisas que rimam com millennial, o contrato com uma marca de beleza ainda é “a” viragem no trajeto de qualquer top, o que a distingue de todas as outras que não sobrevivem ao hype de um meio por vezes demasiado ansioso e descartável. Que impacto tiveram estes momentos na sua vida? “Estou com estas marcas históricas há cinco anos e cresci com elas. Todas se tornaram família. Cresci tremendamente nos últimos cinco anos e não planeio abrandar.” 

Já fez dezenas de capas, campanhas e desfiles. Onde se sente mais confortável? “Gosto realmente de cada uma dessas coisas, porque são todas diferentes. Mas se tivesse de escolher, [diria que] me sinto mais à vontade num set, seja num set de filmagens ou numa sessão de fotos. Estou sempre intrigada com a visão criativa do realizador ou dos fotógrafos e em ajudá-la a ganhar vida.” A importância da equipa, do “nós”, tal como no discurso que proferiu em novembro. Mas a Moda vive de constantes mudanças e, nos últimos anos, sente-se uma viragem no paradigma que, até agora, fazia o dia-a-dia deste mundo excessivamente glamorizado. As mulheres parecem estar mais empoderadas; parecem, finalmente, estar dispostas a “perder tempo” a ajudar-se umas às outras. “Não podia concordar mais com isso e sempre me esforcei por capacitar e apoiar as outras mulheres em vez de competir com elas. O sucesso não é finito e acredito que podemos todas ter sucesso e apoiarmo-nos umas às outras. Há espaço para toda a gente e adoro ver que toda a gente se apoia.” É um desejo que está de acordo com a personalidade luminosa de Taylor.

Os seus posts de Instagram (rede social onde tem perto de 14 milhões de seguidores) não são o de uma jovem adulta cínica e calculista, mas os de uma miúda que não se leva muito a sério e que ainda vibra com as conquistas que o destino lhe proporciona – não raras vezes, a estrela das fotografias é o seu cão, Tate. As selfies ultra-sexy contam-se pelos dedos. Mesmo havendo dezenas de faces de Taylor, o carisma está presente em todas elas. Ou acima de todas elas. É por isso que não estranhamos a resposta que nos dá à pergunta-cliché que assombra a vida de qualquer modelo de topo. Qual é o conselho de beleza que daria à sua melhor amiga? “A mulher mais confiante é a mais bonita.” 

 

Veja o editorial As faces de Taylor, na íntegra, aqui. Entrevista originalmente publicada na edição de fevereiro 2020 da Vogue Portugal. 

Ana Murcho By Ana Murcho

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