Há muito que nos habituámos a (tentar) incutir práticas de wellness no nosso dia a dia, mas e se lhe dissermos que é possível adaptá-las, especificamente, à maternidade? O movimento slow motherhood pretende desconstruir o mito da mãe perfeita, que tem de conseguir fazer tudo e estar em todo o lado. E começa com passos tão simples como a mudança de mindset e a consciência de que estar presente é o melhor ensinamento que se pode dar.
Na permanente busca incessante de “ter tudo” (o que quer que isso signifique...), a maternidade ficou enredada numa teia de atividades constantes e de pressão para atingir ideais irrealistas. A filosofia slow motherhood (à letra, “maternidade lenta”) encoraja uma rejeição consciente desta abordagem hiper-programada, orientada na realização de objetivos na educação dos filhos. É uma espécie de rebelião contra a norma social que equipara a ocupação — e a perfeição — a ser uma boa mãe. A diferença começa com a atitude: a slow motherhood dá prioridade à qualidade em detrimento da quantidade. Defende uma abordagem consciente da maternidade, centrando-se na construção de fortes ligações com as crianças através do envolvimento no momento presente e dando prioridade a momentos de brincadeira não estruturados. Isto significa afastar-se dos apelos e da estimulação constante das atividades organizadas, permitindo a exploração, a descoberta e a liberdade de se sentir aborrecida. Por outras palavras, não, você e os seus filhos não têm de ter uma agenda cheia de planos todos os dias. Desfrute da alegria de não ter nada para fazer e fique em casa, passando momentos incríveis em família — sem fazer nada que seja Instagramável.
Por esta altura, deve estar a perguntar-se: isto significa que me vou transformar numa mãe preguiçosa? Longe disso. A slow motherhood não tem a ver com preguiça; tem a ver com propósito. Trata-se de rejeitar a pressão de programar em excesso a vida das crianças e, em vez disso, abraçar as alegrias simples da infância. Imagine tardes passadas a construir fortalezas em vez de ir a correr para o treino de futebol, manhãs cheias de histórias em vez de aulas de natação matinais. A maternidade lenta incentiva o abrandamento do ritmo de vida, permitindo que as crianças desenvolvam os seus próprios interesses e fomentando um sentido de admiração pelo mundo que as rodeia. Além disso, este movimento reconhece as necessidades emocionais das próprias mães. Reconhece o custo da ocupação constante e incentiva o autocuidado como um aspeto vital da parentalidade. Tirar tempo para recarregar as baterias permite às mães estarem mais presentes e serem mais pacientes com os seus filhos. Trata-se de reconhecer que uma mãe repousada e realizada está (ainda) mais bem equipada para cuidar dos seus filhos.
Poder-se-á argumentar que a “maternidade lenta” é impraticável ou irrealista. No entanto, os seus princípios fundamentais podem ser aplicados dentro dos limites da vida quotidiana — tal como fizemos com as nossas práticas de bem-estar agora básicas, que talvez tenham parecido tão “estranhas” no início. Mesmo as pequenas mudanças, como reservar um tempo livre de telemóveis para estabelecer ligações ou incorporar brincadeiras mais abertas, podem fazer uma diferença significativa. A slow motherhood não tem de ser uma proposta de tudo ou nada; é uma filosofia que encoraja as mães a dar prioridade ao que realmente importa. Em última análise, é um movimento que pretende exponenciar a alegria da maternidade. Trata-se de promover um ambiente estimulante onde as crianças podem prosperar e as mães podem sentir-se realizadas. É um apelo para rejeitar a pressão de ser perfeita e, em vez disso, abraçar a experiência confusa, bonita e autêntica de criar um filho.
Num mundo obcecado por fazer “mais e melhor”, este é um movimento que procura lembra-nos que, por vezes, as ligações mais profundas são construídas através de coisas tão simples como estar presente.
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