Tendências  

Toxina botulínica versus ácido hialurónico: tudo o que precisa de saber

13 Dec 2024
By Maria Inês Pinto

Fotografia: Group4 Studio | iStock

Mitos, verdades, semelhanças e diferenças: tudo o que importa saber sobre toxina botulínica e ácido hialurónico numa entrevista com Sofia Borges, especialista em dermatologia e estética, parceira SkinCeuticals.

A dermatologia e a estética têm evoluído para oferecer mais do que apenas resultados visuais, com ferramentas que promovem autoestima, bem-estar e saúde. Em entrevista, a Dra. Sofia Borges, especialista em dermatologia e parceira da SkinCeuticals, explora as diferenças entre toxina botulínica e preenchimento com ácido hialurónico, desmistificando ideias e, sobretudo, destacando a importância de escolhas conscientes.

Dra. Sofia Borges

Qual é a diferença entre toxina botulínica e preenchimento com ácido hialurónico? Em que contexto é recomendado cada um dos procedimentos?

Embora sejam dois procedimentos médico-estéticos injetáveis, têm indicações muito diferentes. A toxina botulínica é uma neurotoxina que bloqueia temporariamente a libertação de acetilcolina na junção neuromuscular, inibindo a contração dos músculos. Do ponto de vista estético, é usada para minimizar as rugas dinâmicas, ou seja, que acontecem quando nos expressamos, como as rugas da testa ou os “pés-de-galinha”. Os preenchimentos com ácido hialurónico têm como finalidade volumizar determinadas áreas do rosto, permitindo corrigir perdas de volume (responsável, por exemplo, pelas olheiras profundas), redefinir contornos do rosto ou suavizar rugas estáticas (aquelas que permanecem mesmo em repouso). Pode também ser utilizados de forma mais superficial na pele para conferir mais hidratação.

Existe uma idade ou um momento ideal para realizar estes procedimentos?

É fundamental desmistificar a ideia de que há uma "idade ideal" ou uma "obrigação" de recorrer a tratamentos estéticos como a toxina botulínica ou os preenchimentos com ácido hialurónico. Esses procedimentos não devem ser encarados como um padrão de beleza imposto, mas sim como ferramentas que podem ajudar a melhorar a autoestima, se e quando a pessoa sentir essa necessidade. O envelhecimento é um processo natural e único. Algumas pessoas sentem-se confortáveis com as suas rugas ou marcas de expressão, enquanto outras podem preferir atenuá-las. Ambas as escolhas são válidas. Não existe uma idade "certa" para iniciar esses tratamentos, nem uma obrigatoriedade de fazê-los. É uma questão de perceber se algo específico no próprio rosto incomoda a ponto de interferir na confiança e no bem-estar emocional. Esses procedimentos podem ajudar a conferir uma aparência mais descansada ou harmoniosa, mas não se trata de eliminar "imperfeições" — porque estas, afinal, fazem parte de quem somos. A decisão de realizar qualquer procedimento estético deve partir de uma relação saudável consigo mesmo, e nunca de um desejo de agradar a terceiros ou de se enquadrar em ideais de beleza.

Quanto tempo dura um preenchimento labial ou facial? E toxina botulínica?

O efeito da toxina botulínica dura entre 4-6 meses, sendo completamente reversível. O músculo recupera sua capacidade de contração total, voltando ao estado inicial, ou seja, as rugas dinâmicas tratadas podem reaparecer exatamente como eram antes do tratamento, sem alterações permanentes. Já os preenchimentos com ácido hialurónico têm efeito entre 6 meses a 2 anos. De realçar que estudos recentes utilizando técnicas de ressonância magnética têm sugerido que, em alguns casos, os preenchimentos à base de ácido hialurónico podem permanecer nos tecidos por períodos muito mais longos do que o inicialmente esperado, chegando a durar anos ou, em algumas situações, aparentemente de forma permanente (mesmo sem efeito estético visível).

No entanto, é importante interpretar esses achados com cautela. A presença prolongada do produto não é necessariamente prejudicial, mas reforça a importância de escolher produtos de alta qualidade e profissionais médicos experientes, pois técnicas inadequadas ou uso de materiais não apropriados podem levar a complicações a longo prazo. Portanto, embora estes estudos indiquem que o ácido hialurónico pode persistir nos tecidos por períodos prolongados, é importante entender que isso não significa que o efeito estético ou funcional permaneça inalterado. O foco deve estar na escolha responsável e na realização de procedimentos sob orientação médica especializada, priorizando a segurança e a naturalidade.

Existe o risco dos materiais de preenchimento se deslocarem?

Sim existe risco de migração do produto, mas é uma situação rara, maioritariamente associada a uma técnica incorreta ou utilização de material inapropriado.

Os procedimentos são reversíveis em caso de insatisfação?

O efeito da toxina botulínica é completamente reversível. Ela suaviza as rugas bloqueando a transmissão nervosa para o músculo (que deixa de contrair) e vai sendo metabolizado de forma natural pelo organismo, perdendo efeito entre 4 a 6 meses, independentemente do número de aplicações. Caso não goste do efeito, basta obrigar o músculo a contrair mais vezes (por exemplo com movimentos faciais em frente do espelho), e assim acelerar a natural degradação do produto. Pelo contrário, os preenchimentos dérmicos funcionam de forma diferente estando a sua reversibilidade associada a diferentes fatores, como o material utilizado. O mais utilizado é o ácido hialurónico, que pode ser removido através da utilização de hialuronidase. Mas, é importante informar o leitor, que não é como “apagar um risco com uma borracha!”. A pele tende a ficar mais flácida. Além disso, embora menos utilizados, há materiais de preenchimento não dissolúveis como a hidroxiapatita de cálcio e o polimetilmetacrilato (PMMA). Por isso, antes de decidir realizar qualquer preenchimento, procure fazê-lo junto de um médico dermatologista ou cirurgião plástico com a devida competência e experiência na realização destes procedimentos.

Usar toxina botulínica preventivamente - habitualmente chamado de "baby botox" - é eficaz a longo prazo ou é sobretudo uma tendência atual?

Baby botox refere-se à aplicação de doses mais baixas de toxina botulínica, de forma a não existir um bloqueio completo. Para mim um termo de marketing para atrair público mais jovem. Na verdade, mesmo em idades mais avançadas, pode ser mais benéfico utilizar doses mais baixas de forma a “elevar” o olhar sem o “peso” sentido com o bloqueio excessivo do músculo frontal - ou seja, as doses e locais de aplicação devem ser sempre adaptadas a cada paciente.

Relativamente ao uso do botox com intuito “preventivo”, existe um estudo muito interessante publicado em 2006 que acompanhou duas gémeas idênticas por 19 anos: uma das quais foi tratada com botox regularmente e a outra não. Os resultados mostraram que a gémea que utilizou botox regularmente apresentou menos rugas e uma pele visivelmente mais jovem em comparação com a irmã não tratada, destacando o papel da toxina botulínica em retardar o envelhecimento visível da pele conferindo um efeito benéfico na minimização das rugas e qualidade da pele ao longo dos anos.

Procedimentos estéticos podem acelerar o envelhecimento ao longo do tempo?

Pergunta muito interessante! Os procedimentos médico-estéticos devem ser pensados para melhorar a saúde da pele, retardar alguns sinais de envelhecimento e, acima de tudo, melhorar a auto-estima das pacientes. Porém, sobretudo preenchimentos, quando utilizados em excesso acabam por conduzir a um aspeto mais envelhecido e artificial. O aspeto mais “envelhecido” associado aos preenchimentos pode acontecer quando aplicados de forma excessiva, de forma muito precoce e sem indicação. Razão pela qual, a escolha do profissional médico certo é fundamental.

O uso de "skincare" tem algum efeito nos resultados dos diferentes procedimentos estéticos?

Devemos olhar para a skincare e tratamentos dermoestéticos como uma balança, quanto maior for o equilíbrio e sinergia entre ambos melhores serão os resultados. Por isso todo o dermatologista, quando planeia um protocolo a longo prazo, deve focar-se em protocolos combinados, onde a skincare seja um apoio para potenciar e prolongar os resultados obtidos com os tratamentos.

Vivemos numa era onde imagens perfeitas criam padrões irreais. Como se pode educar o público sobre o que é realmente alcançável com a estética, sem alimentar falsas expectativas?

Ser honesto, empático e aprender a dizer que não quando é necessário, sem nunca esquecer que a nossa beleza exterior é o resultado do equilíbrio físico e mental. Cada vez mais, é necessário potenciar a individualidade e desmistificar padrões de beleza, ajudando o paciente a compreender que os melhores resultados advém de uma transformação equilibrada que respeite a saúde do organismo e a autenticidade de cada um.

Com os avanços tecnológicos, que novos tratamentos ou tendências podemos esperar no futuro dos procedimentos estéticos?

Sem dúvida que sou fã e defensora das tecnologias, como laser, que permitem melhorar a saúde de todas as camadas da nossa pele, ajudando não só a controlar doenças que tanto impactam a nossa autoestima, como acne (inflamatório e cicatricial) e melasma, mas também rejuvenescimento. Acredito cada vez mais que estas tecnologias, quando associadas à melhoria dos hábitos de vida, podem ser um forte aliado no combate ao inflammaging, ou seja, à inflamação discreta, mas persistente, que se instala com o passar dos anos, devido ao ambiente “tóxico” causado por células senescentes. Essa inflamação crónica leva à degradação de colagénio e elastina, proteínas essenciais para a firmeza e elasticidade da pele, acelerando a formação de rugas, manchas e flacidez.

Maria Inês Pinto By Maria Inês Pinto
All articles

Relacionados


Atualidade   Compras  

Beauty Big Deal: a LightHouse Beauty Box

02 May 2024

Beleza   Compras  

Guia de presentes de Natal 2024 | Maquilhagem

11 Dec 2024

Entrevistas  

De todos os tamanhos e formas

12 Sep 2023

Curiosidades  

3 formas cientificamente comprovadas para melhorar a saúde mental

23 Aug 2024