Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, vítima de doença prolongada. Das dezenas de livros que nos deixa reunimos três que sintetizam a obra desta escritora, uma das mais proeminentes da literatura portuguesa contemporânea.
Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, vítima de doença prolongada. Das dezenas de livros que nos deixa reunimos três que sintetizam a obra desta escritora, uma das mais proeminentes da literatura portuguesa contemporânea.
Agustina Bessa-Luís / Facebook.
“Nasci adulta e morrerei criança”, disse, um dia, Agustina Bessa-Luís. Hoje, a mulher-menina morreu, deixando a literatura portuguesa um pouco mais pobre do que ontem. De acordo com a TSF, a escritora terá sido vítima de doença prolongada. Tinha 96 anos e há 13 que estava afastada da vida pública, por questões de saúde.
Com romances, contos, peças de teatro, crónicas e ensaios, Agustina Bessa-Luís dominou a arte da palavra e construiu uma vasta obra literária que lhe valeu, em 2004, o prémio Camões, o mais importante galardão do mundo das letras dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Nesse mesmo ano, conquistou o prémio Virgílio Ferreira pelo conjunto da sua obra. Todavia, estas não foram as únicas distinções que recebeu: em 1953 e em 1954 conquistou os prémios Delfim de Guimarães e Eça de Queirós por A Sibila, o romance que a consagrou como uma das vozes mais proeminentes da fição portuguesa contemporânea; em 1980, venceu os prémios P.E.N e D. Dinis pelo romance O Mosteiro; e por duas vezes, em 1983 e em 2002, foi galardoada com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE) por Os Meninos de Ouro e Joia de Família, o primeiro livro da trilogia O Principio da Incerteza, respetivamente.
Outra condecorações haveriam de chegar: em 1988, Agustina Bessa- Luís recebeu a Medalha de Honra da Cidade do Porto; já em 2006, no ano em que publicou o seu último romance, A Ronda da Noite, a escritora foi elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal pelo seu mérito literário. “Há personalidades que nenhumas palavras podem descrever no que foram e no que significaram para todos nós. Agustina Bessa-Luís é uma dessas personalidades”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa numa nota de condolências publicada esta manhã no site da Presidência da República.
Abaixo, reunimos dois romances e um volume de ensaios da autoria de Agustina Bessa-Luís que sintetizam a grandeza da sua obra.
A Sibila
“Obra imprescindível” da literatura em Portugal, segundo o diário espanhol El País, este é, indubitavelmente, o trabalho mais conhecido de Agustina Bessa-Luís. Publicado em 1954, A Sibila “inaugura uma narração que vai consagrar a escrita de Agustina, e essa forma de narração assenta em três vectores: a importância do universo feminino (as personagens principais são mulheres); a importância da recordação; e um discurso frequentemente repetitivo, mas que acrescenta sempre um dado novo”, resumiu a professora de literatura portuguesa Maria Fátima Marinho.
Deuses de Barro
Apesar só de ter chegado até nós no final de 2017 pela mão da editora Relógio d’Água, Deuses de Barro não é recente: na verdade, este foi o primeiro romance que Agustina Bessa-Luís escreveu, o que já justifica a sua leitura.
Ensaios e Artigos
Enquanto colaboradora de diversas publicações portuguesas, Agustina Bessa-Luís deixa-nos inúmeros ensaios e artigos de opinião. Tais textos, igualmente importantes para melhor compreender a escrita de Bessa-Luís, foram recolhidos pela neta da escritora, Lourença Baldaque, e encontram-se reunidos em três volumes que a Fundação Calouste Gulbenkian publicou em 2017.
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