“Trouxe apenas o meu corpo, a minha alma ainda está na Ucrânia" Palavras de quem foge da guerra

A única coisa que levaram consigo durante a fuga da Ucrânia devastada pela guerra foi o corpo. Os seus espíritos ficaram em casa. Estas são 11 mulheres cuja razão de ser é uma crença na justiça — uma crença na liberdade e no fim do vil agressor e dos seus companheiros, no fim dessa bestialidade. Branislav Simoncik visitou o Campo de Refugiados Žilina, no noroeste da Eslováquia, e questionou-as com a sua câmara.

Fotografia de Branislav Simoncik. Texto de Tamara Simoncikova Heribanova.    Svetlana Ovrashko (41), Dolynska, técnica de câmaras de vigilância“Sentimos a vossa ajuda, os vossos pensamentos, e essa energia é extremamente forte.Por favor, rezem por nós e não parem. Pensem nas nossas mulheres, crianças, homens e soldados defendendo a liberdade — isso é tudo o que temos.” Kristina Shovkovska (34) e a filha Sasha (3 meses), Mykolaiv, licença de maternidade“O meu marido ficou na Ucrânia. Estou aqui com uma filha de três meses e dois filhos, eles têm 4 e 8 anos.Acordo todas as manhãs a acreditar que vai acabar bem. Só fugi com as crianças e as fraldas. E esperança.” Kateryna Antoniuk (20), Iziaslav, estudante do Departamento de Transporte Aéreo, Faculdade de Operação e Economia do Transporte e Comunicação“Peço às pessoas de todo o mundo, se têm alguém à vossa volta que ainda pensa que não há guerra na Ucrânia,façam tudo para que não fiquem indiferentes à desinformação. Somente juntos e implacáveis podemos mudar a loucura que está a acontecer.” Alla Sachenok (57), Odessa, advogada“Quando ouço a palavra Ucrânia, vejo a minha família em casa. Pensei que ficaria no exterior apenas uma semana,agora [já passou] mais de um mês. A minha fé preenche toda a minha essência.O amor e o apoio das pessoas ao meu redor ajudam-me a esquecer, por alguns segundos, a dor.” Iryna Sherko (56), Pokrovsk, auditora“Desejo que ninguém no mundo passe pelo mesmo que nós. Vamos viver todos juntos, em paz.” Viktoriia Ovrashko (19), Dolynska, estudante de Psicologia na Universidade Pedagógica Estatal de Kryvyi Rih“Quando fugimos, empacotámos apenas as nossas próprias vidas.E dois gatos, tivemos de deixar o cão em casa. Mas, na verdade, deixámos tudo lá. Obrigado por cada coisa boa que se junta em nome de uma grandeza invencível.” Kateryna Martyniuk (36), Pokrovsk, liberdade condicional, veio para os campos com os dois filhos Ivan (7) e Alexandr (15) e com a mãe Alexandra (56)“O meu coração bate mais forte quando vejo como tudo o que construímos com amor acaba em ruínas. Mas não perco a esperança. Sem fé a vida não teria sentido.” Iryna Minaiieva (40), Pokrovsk, professora numa escola de música“O que eu trouxe comigo quando fugi? Sebe - eu própria. Os meus filhos. O meu marido e toda a família ficaram na Ucrânia.” Lena Kusnir (52) e o neto (6), Kropyunytsky, vendedora“Slava Ukraini! Tudo o resto é irrelevante neste momento. Fugi com a minha filha e o meu neto.A minha família toda, filho, genro, noiva, amigos, ficaram em casa.” Mariia Inviiaieva (37), vinda de Volnovakha, Donetsk Oblast, vivia em Kyiv, professora de liceu e diretora de teatro“A única coisa que levei comigo foi a minha gata Manu. Quero dizer uma coisa. Peço desculpas por fugir da Ucrânia, não estar lá com os meus.Quero que eles saibam que mesmo não estando lá com eles, estou com eles a cada segundo do meu ser. Desde 25 de fevereiro que não tenho contacto com minha família.” Elmira Akhmodova (26), Dolynska, analista num laboratório de comida“Quando fugi, só levei o meu corpo comigo, a minha alma ainda está na Ucrânia.”