Artwork de João Oliveira
As joias em segunda mão são o ponto de encontro entre o luxo e a história. Contudo, navegar neste mundo requer mais do que apenas bom gosto; requer conhecimento e intuição. Eis como investir em peças que são tão autênticas como especiais.
As joias em segunda mão representam mais do que adornos; são fragmentos de história que transportam consigo sussurros de grandes ocasiões, romances profundos e épocas passadas. Mas entrar no mundo dos tesouros pre-loved requer mais do que apenas um apreço pela beleza e pelo luxo, existindo um número de fatores a considerar antes de comprar. A autenticidade é a pedra angular de qualquer compra de joias em segunda mão e compreender os sinais de confiança é essencial. Primeiramente, importa procurar com atenção os selos gravados, muitas vezes escondidos no interior de um anel ou no fecho de um colar, por exemplo. Estas pequenas marcas podem revelar a pureza do metal — como “18K” para ouro ou “925” para prata — e, por vezes, com alguma sorte, até a identidade do joalheiro. Para saber se o ouro e a prata são verdadeiros, pode fazer-se um teste com um íman forte, aproximando-o da peça. Se o íman atrair a peça, então o metal é falso. As casas de grande renome incluem habitualmente as suas próprias marcas que podem ser verificadas diretamente em loja. Igualmente importante é o trabalho artesanal: as joias de alta qualidade apresentam um acabamento impecável, seja com desenhos simétricos, pedras preciosas engastadas com precisão ou arestas lisas. O trabalho grosseiro ou as configurações irregulares podem ser, desde logo, sinais de aviso de contrafação ou de qualidade inferior e, embora um ligeiro desgaste possa acrescentar charme e ser até um testemunho da vida que a peça teve, as alterações extensas — como redimensionamento, fechos substituídos ou pedras adicionadas — podem diminuir a integridade ou o valor histórico da peça.
As pedras preciosas são a alma de muitas joias, e a sua autenticidade tem, obviamente, um impacto significativo no valor. As gemas naturais apresentam frequentemente ligeiras inclusões que atestam a sua origem orgânica, enquanto as sintéticas tendem a parecer demasiado perfeitas. Pedir um relatório gemológico a uma instituição qualificada pode confirmar a identidade, origem e qualidade de uma pedra. Quando se trata de avaliar diamantes em particular, os quatro Cês — cut, color, clarity, e carat (corte, cor, clareza e peso em quilates) — são os critérios de referência para determinar a qualidade e valor, sendo que os elementos “cor” e “clareza” são regidos por uma escala própria. Existem alguns testes comuns que se podem fazer para verificar a veracidade de um diamante, e o mais conveniente de todos é o da neblina: bafeja-se ar quente sobre a pedra para observar se esta embacia — se sim, boas notícias, o diamante é real. Estes testes não dispensam uma autenticação profissional, claro está, mas são um bom truque para usar, por exemplo, em feiras de antiguidades. Vale ainda a pena mencionar que o corte é, provavelmente, o mais importante dos quatro Cês, já que afeta diretamente a capacidade de um diamante para refletir e refratar a luz. A precisão dos ângulos, a simetria e o polimento são fundamentais e, por isso, o melhor será evitar cortes rasos ou profundos que possam vazar a luz e diminuir o brilho do diamante. O peso em quilates indica o tamanho de um diamante, mas maior nem sempre significa melhor. Um diamante mais pequeno e bem lapidado muitas vezes supera um diamante maior que não cumpre outros requisitos, mas vale a pena notar que o peso em quilates afeta exponencialmente o valor da pedra. Ao comprar um diamante em segunda mão, é importante pedir o certificado de classificação do mesmo e verificar se também não foi alterado ou melhorado artificialmente. Por outro lado, os rubis, as safiras e as esmeraldas são a “holy trinity” das pedras coloridas. Os rubis brilham mais em vermelhos vibrantes e não tratados, enquanto as safiras oferecem um espectro de tons, sendo os azuis reais profundos os mais apreciados. No caso das esmeraldas, as inclusões acrescentam charme, mas devem evitar-se pedras com falhas excessivas que afetem bastante a sua durabilidade. Embora estas gemas sejam as mais usuais, vale a pena explorar o universo enorme de pedras preciosas à disposição, pois podemos encontrar algo menos convencional, mas igualmente cativante. Nem tudo o que brilha é ouro, e uma peça não se torna automaticamente excelente por conter uma pedra vistosa.
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Paulina Porizkova para a Vogue, 1990
Arthur Elgort/Conde Nast via Getty Images
Saber onde comprar é tão importante como saber o que comprar. As casas de leilões consagradas são paraísos de confiança para a aquisição de tesouros autenticados, oferecendo uma proveniência pormenorizada e avaliações especializadas. Plataformas online como a Vestiaire Collective, The RealReal e a Catawiki são igualmente fontes fiáveis, combinando conveniência com processos de autenticação rigorosos. Para quem prefere a emoção das feiras de antiguidades ou dos mercados independentes, o melhor será estabelecer relações com comerciantes de renome. O preço é outra área em que o discernimento é fundamental. O custo das joias em segunda mão é influenciado pela raridade, estado, reputação da marca e época. Claro está, modelos icónicos — como as pulseiras Cartier Love ou os colares Van Cleef & Arpels Alhambra — mantêm o seu fascínio e atingem preços elevados, por isso, o melhor será manter as expectativas realistas. Em todo o caso, a pesquisa de vendas comparáveis é essencial para determinar se um preço é justo. Em alguns contextos, como feiras de antiguidades, a negociação faz parte da experiência, mas deve ser abordada com respeito e confiança informada. Ao encontrar uma peça com a qual nos identifiquemos, é essencial cuidar dela adequadamente para que continue a ser um tesouro para os próximos anos. Para evitar riscos, as joias devem ser guardadas separadamente em caixas com forro macio e limpas cuidadosamente com soluções adequadas. Sempre que for necessário, as peças devem ser verificadas por um joalheiro profissional — por exemplo para alterar um fecho — e, no caso de artigos vintage, especialistas familiarizados com técnicas e materiais mais antigos são os nomes de referência, evitando danos sempre que possível. Investir em joias em segunda mão é mais do que adquirir algo bonito; implica trabalho, investigação e também manutenção. Contudo, cada anel antigo, pulseira vintage ou colar de herança traz consigo uma história à espera de continuar e, ao usar estes tesouros, não estamos apenas a adornar-nos, mas a levar adiante um legado que funde história e arte.
Publicado originalmente em Spoil me, o suplemento de joias da edição What's Next da Vogue Portugal, de dezembro 2024, disponível aqui.
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