Da perspetiva sobre o futuro da criatividade de Sarah Burton, diretora criativa na Alexander McQueen, ao body positivity, aqui está um resumo do dia 1 da Vogue Forces of Fashion, uma conferência que reune alguns dos bigs players da indústria.
Da perspetiva sobre o futuro da criatividade de Sarah Burton, diretora criativa na Alexander McQueen, ao body positivity, aqui está um resumo do dia 1 da Vogue Forces of Fashion, uma conferência que reune alguns dos bigs players da indústria.
Os eventos virtuais são uma realidade à qual já nos habituamos. O Zoom, além de ser o nosso novo melhor amigo, é uma ferramenta essencial para que este tipo de conferências continue a chegar a um maior número de pessoas possível, e foi isso mesmo que aconteceu com a conferência anual Vogue Forces of Fashion. Na edição de 2020, nomes como Sarah Burton, Paloma Elsesser, Precious Lee, Bella Hadid, Virgil Abloh, Jonathan Anderson e Sarah Jessica Parker juntam-se - em estúdio ou a partir de casa - para partilharem pontos de vista sobre Moda, e tudo aquilo que deambula neste universo tão vasto e fugaz.
A criatividade durante o período de confinamento, o movimento do body positivity e o poder de apoiar e nutrir uma comunidade foram três dos temas que subiram ao palco da Vogue Forces of Fashion. Abaixo, fazemos um round up dos quatro momentos-chave desta primeiro dia.
Whose Positivity, com Paloma Elsesser, Precious Lee, Tess McMillan e Jill Kortleve
“Temos que reconhecer o facto de que houve um tempo, não muito longínquo, em que todo esse painel não existiria”, afirmou Gabriella Karefa-Johnson, a moderadora desta conversa, ao referir-se às grandes mudanças que ocorreram durante a última década na indústria. “Devíamos falar e pensar de forma crítica sobre a indústria em que atuamos. Ainda há muito para fazer, mas este é um começo fenomenal.” A representação de mulheres com medidas maiores na indústria das Moda é um desenvolvimento relativamente recente, mas mais necessário que nunca. O impacto destes movimentos continua a ser bastante inspirador.
À medida que a indústria continua a desenvolver as suas mensagens sobre Beleza e inclusão, há uma nova geração de modelos na linha da frente. A conversa entre Paloma Elsesser, Precious Lee, Tess McMillan e Jill Kortleve são quatro dos nomes que estão a tomar conta da indústria da Moda. Estão em capas de revista, a protagonizarem campanhas e a desfilarem para as casas e Moda mais prestigiadas da indústria. Um passo determinante e muito necessário para uma maior representação na indústria.
Numa conversa bastante positiva, estas quatro forças falaram sobre questões relacionadas com a imagem corporal, política e feminismo. Estes são quatro dos rostos mais requisitados do momento, seja para a passerelle da Versace ou para as campanhas da Marc Jacobs.
O futuro é promissor e estamos aqui para aplaudir cada uma destas conquistas.
Envisioning a Future, com Sarah Burton
Foi no segundo piso da flagship store da Alexander McQueen, na Bond Street, em Londres que a designer britânica Sarah Burton recebeu Sarah Mower para conversarem sobre o futuro. O local onde esta conversa teve lugar é agora um estúdio de design. “Quando comecei na McQueen, não tínhamos uma secretária, tínhamos apenas uma grande mesa de corte e padrões no centro do estúdio,” contou sobre a configuração deste estúdio. A ideia aqui é promover a Moda e desmistificar o processo de criação a todos os visitantes desta loja. “Qualquer pessoa pode vir. Os alunos vêm, os adolescentes vêm, os avós vêm. É, de facto, um espaço para todos verem como é que idealizamos uma coleção.”
Um momento fundamental durante esta conversa foi, sem dúvida, a preservação do artesanato e a importância de criar uma nova geração de designers. Nesse sentido, Burton partilhou algumas das coisas que fizeram da equipa Alexander McQueen tão forte como hoje é: o sentido de comunidade. “Não há hierarquia de ideias. É um processo, verdadeiramente, colaborativo.” O processo criativo desta equipa passa por viagens ao redor do Reino Unido onde procuram por inspiração para a coleção que estão a preparar e ainda tropeçam em novas ideias de unir a equipa. Burton recordou uma visita a uma igreja em Cornwall onde “cada bordado era feito por uma pessoas diferente. Quase que conseguias sentir o sentido de comunidade naquela sala, a sensação de pessoas a unirem-se.”
Ao ritmo que a conversa ficava cada vez mais interessante, a designer levou Sarah Mower numa visita guiada ao estúdio onde está patente a exposição Roses, explicando os segredos por detrás de cada vestido, dizendo: “Para mim, a rosa é a flor britânica e símbolo da mulher.”
Para a diretora criativa da McQueen, o futuro passa por um sentido de comunidade cada vez maior e 2020 provou-nos isso mesmo.
Blazing A Trail, com Virgil Abloh e Bella Hadid
Se ainda agora lhe acabamos de dizer o quão importante o sentido de comunidade é para Sarah Burton, Bella Hadid e Virgil Abloh corroboram isso mesmo. Numa conversa moderada por Mark Guiducci, diretor criativo editorial da Vogue norte-americana, os dois amigos explanaram como toda a gente consegue fazer mudanças e defender aquilo em que acreditam, seja através das redes sociais, no local de trabalho ou entre amigos. Blazing A Trail, como foi denominada esta talk, focou-se na forma como Hadid e Abloh chegaram ao lugar cimeiro na indústria da Moda e de que forma é que estão a ajudar outras pessoas a conseguirem o mesmo.
Tudo se resumo ao já citado sentido de comunidade: criar uma e consequentemente apoiá-la. “A parte divertido deve ser de igual forma para criar e defender, falar e criar conquistas para as pessoas,” afirmou Virgil Abloh. O fundador da Off-White e diretor artístico da divisão masculina da Louis Vuitton, recentemente lançou duas iniciativas que pretendem apoiar os jovens: uma bolsa escolar e uma plataforma online que dá dicas para todos aqueles que pretendem fundar uma marca. Já no caso e Bella Hadid, a sua presença massiva, perante uma audiência de mais de 35 milhões de seguidores, permite com que a modelo norte-americana consiga defender as causas com que se identifica, como o registo eleitoral ou ainda dar uma maior visibilidade às pessoas que trabalham no backstage da indústria. Para estas duas forças, a empatia é a palavra-chave.
Tanto Bella como Virgil, concordaram na importância de aumentar a comunidade e desafiar os parceiros a terem conversas difíceis e ainda tocaram no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e o que é que fizeram para encontrarem essa linha, que muitas vezes é tão ténue que se torna invisível mas é essencial para uma saúde mental feliz.
Fashion’s Curator, com Jonathan Anderson
Anderson é um dos designer mais influentes da sua geração. O criador britânico funde a Moda com a cultura e como o próprio afirmou durante a conversa com Reggie Yates: “Eu não trabalho para uma casa de Moda, trabalho para uma marca cultural.”
Durante toda a conversa, Jonathan Anderson desvendou a natureza nada convencional do seu processo criativo e expôs o que para ele significa trabalhar com alguns dos seus heróis criativos, entre eles Gilbert and George e, mais recentemente, com a ceramista norte-americana Ken Price. Para o designer, as colaborações são uma ferramenta de aprendizagem.
Fazendo parte de uma nova trupe de designers e criativos da geração Y, Jonathan entende a importância que a ruptura tem e falou ainda sobre como podemos redefinir radicalmente a noção do luxo - que muitas vezes é ainda associada ao old glamour.
Todas as conversas vão estar disponíveis, para compra, até ao dia 08 de dezembro em vogueforcesoffashion.com.