"Sempre vi a Vogue como uma porta de entrada para um mundo novo. E a Moda, o pretexto e a chave de entrada nesse mundo, como um cocktail explosivo de pragmatismo e sonho, sem limites para a criatividade."
“I think we live only through our dreams and our imagination.” Diana Vreeland
"Ouvimos e apreendemos apenas o que já sabemos pela metade", escreveu Thoreau ao contemplar a diferença crucial entre conhecer e ver. Apreender a realidade sem a cegueira dos nossos preconceitos, ver, de verdade, ao invés de pré-conhecer, requer um canal de perceção especial que contorna a “banalidade” dos nossos hábitos.A Arte, em geral, é uma dessas aberturas - talvez a abertura suprema. Um portal subtil que nos permite absorver o universo uma e outra vez. A Arte destrava algo no fundo do nosso cérebro, dando-nos novos olhos para contemplar o mundo, o interior e o exterior.
Sempre vi a Vogue como uma porta de entrada para um mundo novo. E a Moda, o pretexto e a chave de entrada nesse mundo, como um cocktail explosivo de pragmatismo e sonho, sem limites para a criatividade. A Vogue pode ser um objeto de desejo, isolado ou colecionado, pode ser uma viagem sensorial e artística para os cinco sentidos, pode ser uma presença na mesa da sala ou um acessório imprescindível que nos acompanha durante o dia. A Vogue pode ser a bíblia de Moda, a referência histórica ou futurista, mas é, e será sempre, a Vogue – referência incontestada na vida de muitas mulheres e homens, ao longo de gerações.
© Fotografia de Chris Milo. Styling Veronica Bergamini
© Fotografia de Chris Milo. Styling Veronica Bergamini
Cada edição da Vogue é uma cápsula do tempo, e em cada uma se procura a perfeição, mesmo que não seja alcançada. Vive por si só e, quando for aberta, mesmo que daqui a muitos anos, continuará a fazer sentido e a ser um testemunho dos dias de hoje. Como o são as milhares de edições, nas palavras e imagens de todos os talentos que desenham e imprimem a sua história, que homenageamos nesta edição de outubro – que não pretende ser uma enciclopédia, apenas uma celebração da capacidade de sonhar, o vício maior que caracteriza a Vogue, tanto em quem a cria como em quem a segue.
Numa era em que a imprensa escrita se reinventa, uma coisa parece-me evidente: papel e digital não são antagónicos, muito pelo contrário, são complementares. Porque a imaginação e o sonho são os únicos limites da imaginação, e nunca o seu suporte.
© Fotografia de Jamie Nelson. Maquilhagem de Michael Anthony. Styling de Karen Levitt
© Fotografia de Jamie Nelson. Maquilhagem de Michael Anthony. Styling de Karen Levitt
O legado dos 127 anos de um título como a Vogue é, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade e uma honra imensa, para mim e para toda esta equipa, tão apaixonada pela história como pelo futuro, mas sobretudo tão interessada em viver o momento presente, o mesmo momento que nos liga ao mundo, e acima de tudo, nos liga a si. Numa época em que ninguém tem muitas certezas sobre nada, uma certeza é cada vez mais clara, a importância do relacionamento pessoal, a importância de tocar o outro, de descobrirmos a um nível mais profundo o que significa ser humano. E sobretudo a importância de sonhar.
Uma revista não tem de ser perfeita, mas tem de ser tão sentida pela equipa que a faz como por quem a lê. Esta é a verdadeira ponte, feita nos dois sentidos, a dar o sentido único ao que é criar, seja no mundo das revistas, da Moda, da Arte, da Paixão. No mundo do Sonho, que vicia.
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