Para mais uma edição do #VogueBookClub, colocamos em destaque uma das obras mais conhecidas do português Afonso Cruz.
Para mais uma edição do #VogueBookClub, colocamos em destaque uma das obras mais conhecidas do português Afonso Cruz.
Escrever sobre determinados livros é um processo árduo. Não porque sejam difíceis de descrever - não será, de todo, o caso da obra de Afonso Cruz - mas porque sabemos que as nossas próprias palavras nunca serão capazes de fazer jus ao que se encontra escrito nas páginas que tivemos a sorte de ler.
Vencedor do Prémio Literário Fernando Namora em 2016, Flores centra-se no poder das memórias, ou, mais precisamente, da falta delas. Logo nas primeiras páginas somos apresentados a Kevin, um jornalista recém-divorciado que vê na rotina a causa dos seus problemas amorosos: “Beijamo-nos como quem faz a cama,” ninguém o diz melhor que o próprio. Pouco depois, conhecemos também a personagem principal, o amoroso Sr. Ulme, a quem um aneurisma roubou uma grande parte das lembranças da sua vida. É na relação entre Kevin e Ulme que nasce a história de Flores, nomeadamente após o dia em que os dois se deparam com o facto de que Ulme não possui memória do seu primeiro beijo. Há uma vida que precisa de ser recuperada, e esse é o caminho a seguir.
Comecemos pelo óbvio: Flores é um livro bonito. É, também, um forte candidato a integrar a categoria das obras que não são lidas, mas sim devoradas, pois não só a história será apelativa, como a escrita de Afonso Cruz cairá bem à grande maioria dos leitores. E, claro, Flores é uma obra que apela às emoções, apesar de tal ser feito de uma forma inteligente. Isto é, mesmo tendo todo o potencial para se tornar numa história “lamechas”, a escrita de Cruz leva-nos além disso, no sentido em que as nossas próprias emoções - sejam elas boas ou más - acabam por se ver espelhadas no percurso das personagens, fazendo com que a proximidade seja inevitável e despindo o livro de qualquer romantismo que se poderia considerar desnecessário.
Se será o cup of tea de todos os leitores? Provavelmente não, mas quando se gosta da história, esta torna-se na história de uma vida. E esse foi o meu caso. Não há livro que tenha lido mais do que uma vez, a não ser Flores. Não há livro que me faça decorar passagens inteiras, a não ser Flores. Não há livro a que eu daria pontuação máxima, a não ser Flores.
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O Vogue Book Club é uma rubrica semanal, neste espaço um membro da equipa Vogue Portugal propõe-se a refletir, ou apenas comentar, um livro - seja uma novidade literária ou um clássico arrebatador. Pode participar nesta discussão através da hashtag #VogueBookClub.