Há escritas que parecem demasiado simples para o desafio emocional que estamos prestes a enfrentar. Assim foi com O Filho de Mil Homens.
Há escritas que parecem demasiado simples para o desafio emocional que estamos prestes a enfrentar. Assim foi com O Filho de Mil Homens.
Um dos meus objetivos para 2022, que me encontro a cumprir, passa por priorizar a literatura nacional. Após tantos anos e uma prateleira a transbordar de livros anglo-saxónicos, estava na altura de colocar no topo da minha lista aquilo que não vale a pena ler em mais nenhuma língua: as nossas histórias. E comecei muito bem, com um dos autores que mais prestígio revela no panorama literário nacional, Valter Hugo Mãe.
O Filho de Mil Homens não será um nome estranho à maioria. Desde a sua data de publicação, em 2011, este título já foi proferido um pouco por todo o mundo literário, com recomendações que nos vão aparecendo de vez em quando nas redes sociais. É um daqueles livros que pode ficar esquecido temporariamente, mas que nunca desaparece da nossa lista por completo. Só quando é altura de o riscar.
O mesmo aconteceu comigo. Na verdade, assim que comecei a ler a primeira a página, arrependi-me de não ter começado mais cedo. A escrita de Valter Hugo Mãe embalou-me desde o primeiro segundo e devorei aquelas centenas de páginas mais rápido do que alguma vez iria imaginar. Por vezes, até me parecia demasiado fácil. Hugo Mãe escreve de uma forma tão simples, com frases tão curtas, que, em certos momentos, parecia que estávamos a ler um livro para crianças, mas com histórias de adultos.
A história, por sua vez, já revelava algumas nuances que requeriam uma maior atenção. Os capítulos não seguem uma linha temporal contínua, pelo menos no início, e vão-nos sendo apresentadas várias personagens que, só chegados ao meio da obra, é que descobrimos a sua ligação. Até lá, é um jogo de adivinhas, adivinhas quanto a laços sanguíneos, relações amorosas e parentescos inesperados.
Não há muito a dizer sobre O Filho de Mil Homens a não ser que é uma leitura agradável. Que é uma história de amor bastante diferente do amor que estamos habituados a ver retratados na literatura, mas que não deixa de puxar pelo lado mais emocional que há em nós. No fim de contas, sei que me irei relembrar de Crisóstomo, o personagem principal, durante muitos anos e só isso indicia que Valter Hugo Mãe terá feito um bom trabalho a apelar aos seus leitores. Pelo menos, fez-me ter vontade de me mergulhar noutras obras do autor.
Pontuação:
O Vogue Book Club é uma rubrica semanal, neste espaço um membro da equipa Vogue Portugal propõe-se a refletir, ou apenas comentar, um livro - seja uma novidade literária ou um clássico arrebatador. Pode participar nesta discussão através da hashtag #VogueBookClub.
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