O livro Vox, de Christina Dalcher, tinha tanto, mas tanto potencial que no fim só desiludiu. E se desiludiu…
O livro Vox, de Christina Dalcher, tinha tanto, mas tanto potencial que no fim só desiludiu. E se desiludiu…
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A premissa do livro tinha tudo para ser uma distopia “perfeita”, que nos faria não querer largar o livro nem por um segundo. Ou pelo menos foi essa a ideia com que fiquei quando li a apresentação do mesmo.
Ambientado nos Estados Unidos da América, um culto religioso misógino tomou conta do poder governamental e fez das mulheres o seu principal alvo. Consideradas agora como cidadãs de segunda, as mulheres viram muitos dos seus direitos revogados. Já não são donas de si mesmas – sem acesso a passaportes, empregos e, muito menos, sem poderem falar. Limitadas a apenas 100 palavras por dia.
Eu sei, um choque. Quem é que realmente consegue viver só com 100 palavras por dia? Em média, uma pessoa diz 16 mil palavras num só dia (segundo dados do livro). E tal como disse um enredo que podia ter muito para ser desenvolvido. No entanto, não superou as minhas expectativas.
Jean McClellan é a personagem principal desta história. É uma cientista que trabalha na pesquisa de tratamentos de linguística em pacientes que sofreram um AVC. Uma personagem que tinha tudo para ser forte, inteligente e interessante. Uma autêntica heroína, mas que ao longo do livro não se desenvolve muito, tornando-se até numa personagem desagradável e pouco apreciada. Sem querer dar spoilers: de heroína tem muito pouco... Talvez a culpa seja minha por criar uma grande expectativa numa só protagonista, de querer que esta seja a resposta aos problemas daquela sociedade. Uma personagem que não tenha falhas, pelo menos não as falhas que ela apresenta. Mas é uma personagem real, talvez demasiado real...
Contudo, o derradeiro prego no caixão para mim foi o final. Se não quiserem spoilers é aqui que eu aconselho a pararem de ler este texto, porque este spoiler tem mesmo de ser dado (pelo menos se quiserem compreender a minha frustração com o enredo). Um livro que se foca tanto na mulher, nos direitos femininos e no poder que este género tem e podia ter neste mundo e quem salva o dia é um HOMEM? Fiquei estupefacta, incrédula e chocada com a mensagem que mais uma vez a mulher parece estar dependente do homem para existir.
Pontuação:
O Vogue Book Club é uma rubrica semanal, neste espaço um membro da equipa Vogue Portugal propõe-se a refletir, ou apenas comentar, um livro - seja uma novidade literária ou um clássico arrebatador. Pode participar nesta discussão através da hashtag #VogueBookClub.
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