Nesta edição prestamos homenagem ao poder das palavras, num tributo à literatura e a grandes mulheres que têm, literalmente, escrito parte da História e histórias que fazem parte do universo literário que, também na Moda, enquanto contadora de histórias, é fundamental.
Precisamos de palavras. Precisamos de literatura. Precisamos de livros. Precisamos de pessoas literadas. E não importa que a leitura seja em papel ou digital, se lê um pergaminho ou faz um scroll num ecrã, o conteúdo é realmente o que importa.
Nesta edição prestamos homenagem ao poder das palavras, num tributo à literatura e a grandes mulheres que têm, literalmente, escrito parte da História e histórias que fazem parte do universo literário que, também na Moda, enquanto contadora de histórias, é fundamental.
Jornalistas, poetas, escritores para crianças, todos os escritores – escrevam eles o que e para quem quiserem – têm uma obrigação para com os leitores: a de escrever a verdade. É especialmente importante quando criamos contos de pessoas que não existem em lugares que nunca existiram, porque a verdade não está no que acontece mas no que ela nos diz sobre quem somos. Porque ficção é a mentira que diz, afinal, a verdade.
Temos a obrigação de não aborrecer quem nos lê, mas sim de os fazer precisar de virar as páginas. Como leitores, temos a obrigação de ler por prazer, em lugares privados e públicos. Porque esse prazer, como todos os outros, é contagiante.
Temos a obrigação de apoiar bibliotecas e de protestar contra o seu desaparecimento. Se não valorizamos bibliotecas estamos a silenciar as vozes do passado e a aprisionar as do futuro.
Temos a obrigação de ler em voz alta para os nossos filhos. De ler o que eles gostam, mesmo as histórias de que já estamos cansados, e de não deixar de ler para eles só porque aprendem a ler para si mesmos. Temos a obrigação de usar o tempo de leitura em voz alta como tempo de ligação.
Temos a obrigação de usar o idioma, para nos esforçarmos, para descobrir o que as palavras significam e como implantá-las, para comunicar claramente, para dizer o que queremos dizer. Não devemos tentar congelar a linguagem, ou fingir que é uma coisa morta que deve ser reverenciada, mas devemos usá-la como ser vivo, que flui, que empresta palavras, que permite que os significados e as pronúncias mudem com o tempo.
Nós todos – adultos e crianças, escritores e leitores – temos a obrigação de sonhar acordados. Temos uma obrigação, imaginar. É fácil fingir que ninguém pode mudar nada, que estamos num mundo em que a sociedade é enorme e que o indivíduo é menos que nada. Um grão de arroz num arrozal.
Mas a verdade é que os indivíduos podem mudar o mundo, escrevem o futuro e fazem-no ao imaginar tudo o que pode ser diferente.
Os modelos Fernando Cabral e Alba Galocha protagonizam o editorial de Moda realizado por Cláudia Barros e fotografado por Branislav Simoncik, inspirado no livro da escritora Harper Lee, Por Favor Não Matem a Cotovia, um romance norte-americano, eleito como um dos mais notáveis romances do século XX, narrado na primeira pessoa através dos olhos de uma criança, fala da inocência que não consegue conceber a indiferença à injustiça e ao racismo.
Abaixo, um trecho do primeiro artigo que Harper Lee escreveu para a Vogue, em 1961, um ensaio sobre o Amor, que é intemporal.
“Sem amor, a vida não
tem sentido e é perigosa.
O homem está a caminho
de Vénus, mas ainda não
aprendeu a viver com quem ama.
O homem conseguiu aumentar
sua expectativa de vida,
mas exterminou os seus irmãos seis milhões de uma assentada.
O homem agora tem o poder
de se destruir a si mesmo
e ao seu planeta: assim
ele deixe de amar.”
Harper Lee