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A Alta-Costura na passadeira vermelha

18 Jan 2019
By Mónica Bozinoski

Das mais impressionantes passerelles para a passadeira vermelha, a Vogue reuniu os looks que provam que a magia da couture está tudo menos perdida.

Numa era em que tudo se move à velocidade da luz, a Alta-Costura parece estar a ressurgir como o antídoto ao imediatismo da fast-fashion. Das mais impressionantes passerelles para a passadeira vermelha, a Vogue reuniu os looks que provam que a magia da couture está tudo menos perdida.

Rihanna em Guo Pei ©Getty Images

“Só ela é que conseguiria usá-lo. Nem toda a gente consegue lidar com aquele vestido – só uma mulher com a confiança de uma rainha”. As palavras, proferidas pela designer Guo Pei, fazem referência a um dos coordenados mais memoráveis da red carpet da Met Gala – o vestido amarelo canário de Rihanna. Uma peça digna de museu – e um exemplo máximo da magia da Alta-Costura, onde Moda e arte se fundem num só -, o vestido criado pela couturier demorou, aproximadamente, 20 meses a ser construído, e pesava cerca de 25 quilos.  

Numa era controlada pelo imediatismo, são muitas as vozes que questionam o lugar da Alta-Costura – uma forma artística tradicional e artesanal, pensada ao mais ínfimo pormenor e construída num espaço onde o tempo é o bem mais precioso -, na conjuntura atual. “Para mim, a questão nunca foi imaginar-me nestas peças, ou ter a possibilidade de comprar estas peças, da mesma forma que assistir a eventos desportivos não é querer jogar tão bem como o Lionel Messi”, escreveu Vanessa Friedman, crítica de Moda no The New York Times, numa peça jornalística dedicada ao tema da Alta-Costura. “Ao invés disso, é usar esta forma artesanal como um portal para aquilo que se passa no mundo. Os vestidos podem não parecer assim tão relevantes (especialmente quando imaginam, por exemplo, uma mulher como um arbusto lavanda). Mas as questões que eles levantam são relevantes”.

Se a Moda nos ensinou alguma coisa nos últimos anos – e, por consequência, todas as plataformas onde ela vive, sejam elas a passerelle, a passadeira vermelha ou o Instagram -, é que um vestido é sempre mais do que um vestido: é um híbrido que pode assumir a forma de protesto unificador ou de statement político, uma forma de comunicar sem recorrer às palavras, ou uma experiência quase sobrenatural. Quando esse vestido vem vinculado ao termo Alta-Costura, talvez seja aqui que reside a sua pertinência: na experiência.

Lady Gaga em Valentino Haute Couture ©Getty Images

“Foi algo muito autêntico”, disse Pierpaolo Piccioli à edição britânica da Vogue sobre a coleção Alta-Costura outono/inverno 2018 da Valentino – para os mais desatentos, falamos da coleção que ditou o regresso do flower power, e que viu alguns dos cabelos mais impressionantes dos últimos anos. “Queria ter uma abordagem muito livre. Para mim, a couture é um espaço onde podes libertar os teus sonhos.”, defendeu o designer. “É fantasia, intimidade e emoção”.

Numa era controlada – já há muito tempo - pelo imediatismo, a Moda transformou-se numa forma de sentir: basta olharmos para a forma como recuperamos tendências do passado, como nos agarramos à nostalgia de coordenados de outros tempos e como procuramos, cada vez mais, memória e história naquilo que compramos. Numa era controlada pelo imediatismo, em que tudo aparece e desaparece no mesmo milésimo de segundo, a Alta-Costura é a pausa necessária. É o tempo que tira tempo ao tempo. É a voz que nos diz para pararmos um pouco. É a beleza de olhar com olhos de ver. É uma fantasia que penetra a realidade, e que se torna tão verdadeira como ela. É a materialização das emoções que precisamos de sentir, mais do que nunca.

Quando Rihanna pisou a passadeira vermelha da Met Gala em 2015, a imponência do vestido de Guo Pei fez-nos parar – e, por breves instantes, o mundo real ficou um pouco mais mágico. Quando dizem que a Alta-Costura está “morta”, nós voltamos a todos os momentos em que ela nos mostrou que não – na simplicidade estonteante do Christian Dior Haute Couture imaculado de Charlize Theron na cerimónia dos Óscares, nas mil e cem horas e dezoito mil elementos (entre eles estilhaços de vidro, apliques em folha prateada, tiras metálicas, cristais e joias) do coordenado Chanel Haute Couture de Emma Stone, ou no vestido Valentino Haute Couture que transformou Lady Gaga na materialização de um sonho cor-de-rosa.

©Getty Images

Mónica Bozinoski By Mónica Bozinoski

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