A Mango lança uma campanha de ganga mais sustentável, avançando nos seus compromissos ambientais.
A Mango lança uma campanha de ganga mais sustentável, avançando nos seus compromissos ambientais.
© Mango
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Na procura por uma indústria mais amiga do ambiente, a Mango lançou uma nova campanha de denim, em que 100% dos artigos de todas as linhas revelam ter características sustentáveis. Andreea Diaconu e Simon Nessman são as estrelas desta iniciativa. O casal de modelos falou com a Vogue para explicar como esta campanha se integra nos seus próprios projetos de sustentabilidade.
A Moda está cada vez mais a aderir ao movimento da sustentabilidade. Enquanto modelo, como vê esta abordagem?
Andreea: Penso que o consumidor se pode perguntar a si mesmo “porque é que eu quero isto?” Há tanta pressão por parte da sociedade para parecer/comportar/agir de uma certa forma, por isso penso que é importante questionar tudo, especialmente o que queremos e as nossas “necessidades” não essenciais. Mais do que isso, acho que é da responsabilidade de grandes empresas garantir que as cadeias de distribuição são mais transparentes, que usam tecnologia e designs inovadores para reduzir desperdício e que os seus trabalhadores são mais do que compensados justamente.
Simon: No fundo, vejo o movimento da sustentabilidade enquanto uma tentativa de autopreservação. Há uma crescente consciência de que a nossa própria saúde e bem-estar está dependente do bem-estar do ambiente. De forma semelhante, a indústria da Moda e marcas como a Mango estão a tornar-se mais sustentáveis porque precisam - o consumidor e a realidade da situação exige-o. Isto não é uma espécie de iniciativa superficial. Isto é acerca de preservar os recursos e as condições que mantêm a vida no nosso planeta.
Acha que os esforços que estão a ser feitos são suficientes?
Andreea: É importante manter a nossa integridade e pressionar para mais transparência e inovação por parte das grandes marcas. Ao mesmo tempo, percebo que é importante dar os parabéns a marcas quando dão passos em frente.
Simon: Penso que os esforços que a indústria da Moda está a fazer para se tornar mais sustentável são os passos necessários para chegarmos onde precisamos. Toda a mudança é imperfeita, e a transição da indústria da Moda para práticas mais sustentáveis não é exceção. Dito isto, os projetos em que marcas como a Mango estão a trabalhar estão a fazer evoluir a tecnologia e os sistemas de produção necessários para uma indústria verdadeiramente sustentável.
O que é que precisamos de fazer para ter um impacto mais significativo no planeta?
Andreea: Precisamos de líderes que ouvem a ciência e apoiam a transição tranquila para um futuro renovável. Adiar isto é algo imprudente para a nossa espécie, mas o planeta como um todo ficará bem no grande plano das coisas. Toda a gente pode fazer coisas pequenas como calcular a sua pegada de carbono e de água em sites como o Water Calculator. No entanto, as grandes mudanças têm de vir de municípios e governos, por isso votar em líderes que planeiam em mudar para um futuro renovável é vital. Para além disso, se fores estudante de STEM, vai para armazenamento de baterias, acho que aí há enorme potencial para avanços e financiamento e precisamos disso.
Simon: Os cientistas chamaram este período geológico de Antropoceno, portanto não há dúvida que os seres humanos têm um impacto significativo no planeta. A questão é qual o legado que vamos deixar no resto do tempo. Para reduzir o impacto prejudicial no planeta, precisamos simplesmente de fazer menos. Consumir menos. Produzir menos. Deixar o planeta e os seus incrivelmente resilientes sistemas ecológicos repararem-se.
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Quando é que esta viagem eco-friendly começou a ganhar significado na vossa vida?
Andreea: Provavelmente quando me mudei para os Estados Unidos, vim de um lugar onde ninguém tinha “necessidades” de Moda, e tudo, incluindo papel de embrulho, eletricidade e água era preservado a um mundo onde tudo está disponível a qualquer momento se tiveres os fundos para isso - incluindo melancias em dezembro! São frutas de verão! Acho que fiquei frustrada com frutas sem sabor em dezembro e amigos deixarem a luz ligada na casa de banho, então decidi ser mais vocal nesse aspeto.
Simon: Fui educado com a visão de que nós somos inseparavelmente ligados ao mundo natural. Tenho sempre acreditado que, da mesma forma que devíamos ser bondosos para outros seres humanos, também o devíamos ser para o resto das plantas e animais com quem partilhamos o planeta. Parte deste respeito pela natureza foi-me incutido pelos meus pais e professores, e o resto foi desenvolvido simplesmente ao passar tempo com a natureza e a estabelecer uma relação pessoal com plantas e animais. Se conhecermos e até amarmos outros seres vivos, tornamo-nos intrinsecamente motivados para os proteger - tal como a nossa família e amigos.
Andreea, recentemente no seu Instagram falou do The Fashion Act e lê-se: “Chega de bla bla bla, precisamos de ação.” E escreveu que “política é aborrecida, mas é a única forma de fazer com que as coisas mudem e temos de ser rápidos”. Estamos a chegar a um ponto de saturação. Tem medo que não haja como voltar atrás?
Tenho medo que não haja como remediar, mas também tenho esperança de que vamos recorrer a todas as soluções assim que possível. Temos as soluções, só temos de as começar a usar e retirar-nos deste impasse e complacência política. Quanto mais esperamos, mais caro isto vai ser no futuro, mas eu acho que no fim nós vamos acabar por utilizar estas soluções. Só espero que não seja tarde demais. A Terra funciona numa escala temporal diferente de nós, o que significa que algumas mudanças e processos podem ser revertidos ou parados assim que comecem.
Simon, pode por favor contar-nos mais acerca da Cedar Coast e o tipo de trabalho que lá faz?
A Cedar Coast Field Station Society é uma instituição de caridade com o objetivo de preservar a saúde ecológica através de pesquisa e educação que celebra a diversidade cultural e biológica do Clayoquot Sound - uma reserva da biosfera da UNESCO e o sítio a que chamo casa. Fundei a Cedar Coast em 2017 com um pequeno grupo de amigos. A sociedade opera numa central fora do radar, à qual só se acede por barco, onde investigadores e grupos vão para aprender a partir da ecologia local de Clayoquot Sound. Os sistemas fora do radar da central, projetos de investigação ecológicos, o cenário natural envolvente, e vários sábios indígenas contribuem todos para uma experiência de educação imersiva para grupos de escolas e campos de verão.
Os esforços que a Mango tem feito para se tornar cada vez mais sustentáveis são de louvar. Como vê este compromisso?
Andreea: Estou entusiasmada para ver o seu relatório de sustentabilidade e avançar com soluções ainda mais inovadoras. Penso que esta marca fantástica está cada vez mais investida em transparência, salários justos e fibras naturais!
Simon: Estou profundamente grato pelos esforços que a Mango está a fazer para se tornar numa marca mais sustentável. Vejo isto como uma situação vantajosa para a Mango e para o planeta: o planeta beneficia porque há um impacto reduzido da produção e distribuição de roupas, e a Mango beneficia porque o desejo de opções mais sustentáveis por parte dos consumidores é satisfeito e a marca tem um modelo de negócios mais sustentável.
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Quais são algumas pequenas coisas que faz para proteger o planeta?
Andreea: Compostagem e plantar um jardim com os meus filhos, perceber quanto tempo demora a uma cenoura crescer é provável que crie menos desperdício alimentar. Votar em políticos que apoiem uma rápida transição para energia renovável na nossa comunidade! Para quem tem a capacidade financeira para tal, instalar placas solares em sua casa e retirar as poupanças de bancos que apoiem combustíveis fósseis.
Simon: Eu passo o máximo de tempo que consigo na natureza, acredito profundamente que quanto mais conectados estamos com o mundo natural, mais respondemos às suas necessidades. Este é o fundamento básico da vigilância ecológica - passar tempo a observar o mundo natural de maneira a entender melhor os sistemas ecológicos e as potenciais ameaças ao seu bom funcionamento. Para além disso, se continuarmos a alimentar a nossa relação com a natureza vamos estar intrinsecamente mais motivados a preservá-la.
Quais são alguns programas, podcasts, livros ou filmes que recomenda se alguém lhe pedir conselhos sustentáveis?
Andreea: Podcasts: Hot Take, How to Save A Planet, Green Dreamer, Columbia Energy Exchange, Ologies, Science at AMNH, Tara Brach (porque ser sustentável começa com ter um coração aberto, consciente e resiliente).Filmes: The True Cost, The Slow Factory tem fantásticas aulas online de graça. Acho que o filme Don’t Look Up fez um bom trabalho no que toca a ilustrar como lidamos com a crise climática, embora perceba que as analogias podem ser difíceis de entender.Livros: All We Can Save, Braiding Sweetgrass, Consumed de Aja Barber, The Future We Choose, Under a White Sky de Elizabeth Kolbert.
Simon: Todos os documentários acerca do Planeta Terra fazem um ótimo trabalho no que toca a ajudar a audiência a desenvolver uma sensação de ligação com a natureza. Para a importância da natureza no desenvolvimento de uma criança, recomendo The Last Child in The Woods, que é um texto brilhante e importante. Os trabalhos de E.O. Wilson foram fundamentais para eu pensar mais sobre sustentabilidade, especificamente a sua hipótese da biofilia. Carl Safina é, talvez, o comunicador de ciência mais eficaz dos nossos tempos e o seu livro Beyond Life: What Animals Think and Feel faz um trabalho incrível no que toca a encorajar o sentido de conexão com a natureza do público.
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