Num keffiyeh humano, o caminho para Gaza vai além das palavras e tem um único objetivo: a paz. O projeto de Sarah Salameh e Rob Woodcox testa os limites da criatividade num cenário repleto de violência e alia a arte à ajuda humanitária, numa parceria com as Nações Unidas.
Num mundo guiado pelo conflito e pela violência, por vezes, a Arte torna-se num meio de conforto para obter um ligeiro sentido de paz interior. Com os conflitos da Palestina e Líbano (entre muitos outros) a acontecer à nossa volta, os projetos criativos tomam outra dimensão e tentam, acima de tudo, passar uma mensagem de solidariedade e protesto. Na Arte, uma ode à paz pode assumir vários caminhos e formatos. Tal é o caso do projeto da designer Sarah Salameh e do fotógrafo Rob Woodcox, que testa os limites da criatividade em tempos difíceis e prova que a expressão artística pode ser um dos principais aliados das causas humanitárias.
Um ano após o início da mais recente onda de violência entre Palestina e Israel, o projeto surgiu como uma parceria com a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos) e pretende angariar fundos para salvaguardar a segurança dos civis. Por um mundo “onde as paredes são feitas de sorrisos e o céu é pintado de esperança”, como se pode ler nas notas que acompanham o projeto, os diretores criativos deram vida a um editorial visualmente impactante que destaca as características que nos unem, e demonstra solidariedade para com as pessoas em Gaza e em todos os territórios que estão a sofrer devido a atos de violência. Numa série de imagens e vídeos, Salameh e Woodcox convidam-nos a olhar para as nossas raízes e a refletir sobre o poder da Arte durante alturas particularmente complicadas. O projeto apela à consciência para a ajuda humanitária e, apesar dos artistas reconhecerem que o esforço possa parecer pequeno em comparação com a escala da destruição, Woodcox contou à Vogue Portugal que espera ser uma pequena parte da solução através dos fundos angariados no Instagram, em colaboração com a UNRWA.
A arte assume-se como uma linguagem universal que transcende barreiras e ajuda a humanizar uma situação complexa. “Numa altura em que o mundo parece estar a desmoronar-se, a arte apresenta-nos um caminho a seguir – que nos permite explorar a nossa imaginação e imaginar um futuro melhor para todos nós”, diz Woodcox. Salameh, de origem palestiniana, olha para o projeto como uma forma de expressão quando as palavras nos falham. Até porque, como a designer diz, “não agir não é uma opção e temos de encontrar formas para manter a esperança enquanto continuamos a definir estratégias para avançar”.
Onde a terra e o mar se encontram, o caminho para Gaza faz-se num tapete que entra na água e evoca um único objetivo: o da paz. É neste keffiyeh humano que refletimos sobre tudo o que nos une, que é sempre mais do que o que nos separa. “Usar um símbolo poderoso de união aliado à forma humana é, para mim, uma declaração inegável de solidariedade”, diz Woodcox. A Arte tem o poder de fazer a ponte entre diversas experiências e perspetivas e, embora o projeto seja protagonizado por membros das comunidades palestinianas e libanesas, Salameh admite que a maioria dos participantes não eram do Médio Oriente, mas um grupo de pessoas que, individualmente, viram a sua própria humanidade espelhada nos ideais do projeto.
O editorial é uma homenagem à resistência e perseverança dos povos cujos territórios são alvo de violência. Com fotografias e vídeos que nos levam para uma realidade “onde as oliveiras crescem altas, onde o ar se enche com o aroma do jasmim e os papagaios voam pelos campos abertos” – como se lê nas notas do projeto –, o projeto apela à paz e faz-nos refletir sobre as implicações dos atos de guerra nas vidas dos civis que habitam nestes territórios em conflito.
O projeto solidário foi lançado no Instagram, numa colaboração entre os diretores criativos (Rob Woodcox e Sarah Salameh) e a agência das Nações Unidas UNRWA.
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