1 de maio de 1974 © Getty Images
Nos primeiros momentos da Democracia destacou-se, pelo seu simbolismo e notável humildade, Celeste Caeiro, uma lisboeta que distribuiu pelos soldados os cravos que deram o nome à revolução de 25 de Abril de 1974.
Embora a revolução que acabou com mais de 40 anos de ditadura em Portugal tenha sido levada a cabo por militares e a transição para a democracia tenha sido liderada por políticos, Celeste Caeiro, empregada de mesa no restaurante Franjinhas será sempre recordada como a responsável por este dia passar para a história como o dia da “Revolução dos Cravos”.
Naquele dia era o aniversário de inauguração do restaurante Franjinhas com um serviço inovador de self-service, o primeiro de Lisboa. Uma festa onde não podiam faltar flores. Quando chegou ao trabalho, Celeste encontrou a porta fechada e foi informada pelo patrão de que não iria abrir porque estava em marcha uma revolução. Mas que não se desperdiçassem as flores.
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Levou os cravos consigo até ao Rossio, onde os tanques militares aguardavam novas ordens de Salgueiro Maia. Um soldado pediu um cigarro a Celeste, mas esta não era fumadora e tudo o que tinha para lhe dar era um dos cravos que tinha trazido do restaurante. O soldado aceitou a flor e colocou-a no cano da espingarda e logo os companheiros lhe seguiram os passos, levando Celeste a distribuir todos os cravos que tinha nos braços.
Um gesto insólito, uma imagem que deu a volta ao mundo e instalou-se no imaginário dos sonhadores. Fosse Celeste fumadora e talvez a história se tivesse escrito de maneira diferente. Horas mais tarde, várias floristas se esforçavam para que ninguém ficasse sem cravos, contribuindo para os imortalizar como um símbolo de liberdade, de possibilidades.
Uma revolução que é lembrada não só por estes cravos, mas pela ausência de derramamento de sangue. Cravos que eram para a festa de aniversário do Franjinhas e que, depois de um encontro casual, acabaram nas espingardas de um grupo de soldados pela mão de Celeste Caeiro. O legado de todos os que contribuíram e participaram na Revolução dos Cravos não deve ser esquecido e deve ser honrado hoje e sempre.
“O sonho é bonito porque é feito de promessas. E a democracia representativa é feita de promessas, promessas de uns poucos para tantos que neles depositam as suas esperanças de uma vida melhor.” (Hélder Ferraz, Investigador)
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Artigo publicado originalmente em abril de 2021.
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