A futurista Sophie Hackford fala de uma nova visão do luxo, baseada na inovação, ao invés da tradição.
A futurista Sophie Hackford fala de uma nova visão do luxo, baseada na inovação, ao invés da tradição.
Sophie Hackford no palco da CNI Luxury Conference 2018, em Lisboa ©Indigital
De peles fabricadas em laboratório a marfim sintético, passando pela extração de asteróides - o mundo dos materiais está numa mudança rápida. Mas, para além disto, estará a moda a entrar numa fase pós-materiais? Na sua segunda apresentação na edição de 2018 da Condé Nast International Luxury Conference, a futurista Sophie Hackford explora o potencial desta nova linguagem.
"Muitos materiais ainda se encontram na incubadora e na fase de protótipo. Usam ciência de ponta, de última geração, e é por isso que demora tanto tempo até entrar no mercado", explica. Pele feita a partir de cogumelos, células estaminais de pelo e diamantes feitos a partir de materiais sintéticos tais como algodão e ananás têm muito em comum. "São todos formados a partir do conceito de desmantelar os produtos até à sua forma física mais primitiva.". Assim que vemos os objetos na forma micro da engenharia genética, conseguimos começar a construir. "Ainda estamos na fase inicial deste programa mas, eventualmente, conseguiremos misturar técnicas de produção, da mesma forma que conseguimos com a música.".
Os cientistas estão também a trabalhar numa forma de trazermos ideias e conceitos aos materiais, para que o conceito seja o rosto de produto e não apenas o seu reflexo. Isto significa que a informação digital será física e os materiais terão uma lógica. "Hoje, programamos máquinas", diz Hackford, "mas amanhã estaremos a programar matéria.".
"Antes, os materiais tinham uma função e eram programados de um só modo, mas a era da manufaturação digital, em conjunto com a biologia, a física, a química e a inteligência artificial, permite-nos ter total liberdade no desenvolvimento de novas técnicas", continua. Se a pele moderna for líquida, por exemplo, não irá funcionar nas técnicas antigas das fábricas tradicionais. Este progresso, consequentemente, irá influenciar o artesão, bem como as fábricas.
O novo papel dos designers deve tornar-se "uma colaboração entre homem e máquina... um parceiro de equipa", partilhou Hackford. A inteligência artificial irá ajudar os criadores a simularem as suas próprias fábricas através de mundos virtuais, como jogos de computador, para criarem e imaginarem.
Mas, quando um produto for codificado para existir, onde residem a sua propriedade intelectual e o seu valor? Quando é que as pessoas terão que tocar num produto para o tornar artesanal? O que será o luxo material? Hackford deixou estas questões suspensas para a conferência refletir, bem como o conceito de pós-materialidade. E se o futuro dos materiais for a inexistência de materiais? O que acontece quando os materiais se transformarem em pixeis, ou os objetos em conteúdos? Certamente será uma posição mais amiga do ambiente, um mundo onde o desperdício é menor. Temos, sem dúvida, muita reflexão pela frente.
A quarta edição da conferência anual Condé Nast International Luxury Conference em Lisboa acontece nos dias 18 e 19 de abril. Para mais informações, visite www.cniluxury.com/2018.
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