© Rambo Ding
“Icon. What is an icon? When someone is iconic it means they have established a certain kind of legacy possibly, and I think it does come with time. It's something in the arts, I feel. Maybe not, maybe it doesn't have to be in the arts exactly. I'm not really sure. But I don't think you are born an icon.” - Diana Ross
Durante a realização desta edição dedicada a ícones, nas mais diversas áreas, acabaram por se levantar questões e algumas discussões sobre quem é ou não é considerado ícone. Se alguns nomes são indiscutivelmente e universalmente considerados icónicos, outros necessitam de mais tempo para se virem a reconhecer como tal, por maiores que possam ser no momento presente.
Twiggy Lawson as Twiggy
Rachell Smith
A palavra “ícone", de origem grega (eikon), significa "Imagem" e passou a designar especificamente o género de imagens produzidas para adoração e cultos religiosos nas zonas de influência Bizantina, com representações de Cristo, de santos e episódios dos Evangelhos do Antigo Testamento. Ao longo da história, a iconografia provocou acesos debates teológicos entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa. Num dos vários períodos da iconoclastia, em 726, o Imperador de Constantinopla restringiu o culto às imagens, por este ter chegado a extremos - como a crença de que as imagens seriam de origem sobrenatural e não criadas pelo Homem. Com o Concílio de Niceia, em 787, a legitimidade do culto às imagens foi acordada entre as duas igrejas e permitida até à seguinte crise iconoclasta.
Feya Voishcheva as Dolly Parton
Matthieu Delbreuve
Mas a importância da palavra ícone, na origem e no significado, apesar da evolução e da mudança dos tempos, refere-se sempre a algo ou alguém que é adorado, um ídolo a ser reverenciado, um modelo de comportamento ou talento excepcional, um herói. E o adjetivo icónico deve descrever realmente um ícone. Mas a conotação mudou e tornou-se demasiado "elástica" e leviana, na minha opinião. Hoje em dia, é irónico como tudo pode ser adjetivado como icónico: uma pessoa, lugar ou coisa — ou produto — pode ostentar o rótulo de “icónico” simplesmente por ser extraordinário, isto é “fora do comum”, como até um protótipo! Um produto novo ou acabado de lançar não pode ser icónico, por mais maravilhoso, impactante ou original que seja. Ou um novo lançamento musical, a nova coleção de um designer, o ator recentemente galardoado com um Óscar, por mais que seja o assunto do momento, universalmente aplaudido ou faça explodir as redes sociais. O tempo, o legado, a influência que sobrevive a gerações são algumas das condições para o "selo de certificação" de algo ou alguém que se pode considerar realmente icónico. O ritmo a que vivemos atualmente, a rapidez das redes sociais e a velocidade vertiginosa com que se espalham novas imagens e mensagens cria-nos facilmente a ilusão de novos ídolos e produtos que parecem ser para sempre. Mas muito pouco resiste ao passar do tempo e à ditadura que cria e desfaz ídolos num piscar de olhos.
Sara Giacomini as Bette Davis
Bohdan Bohdanov
A História prova-nos que artistas ou obras, nada respeitados e aclamados no seu tempo, se vieram a tornar icónicos décadas ou centenas de anos depois, bem como o contrário, nomes que hoje já não são recordados por ninguém apesar de terem sido provavelmente as pessoas mais influentes e poderosas em dado momento, no passado.
Lulu de Freitas as Prince
Élio Nogueira
Nada, nem ninguém nasce um ícone. Mas todos os dias nascem pessoas ou ideias potencialmente icónicas que só a História revelará.
Sasha Konograeva as Franca Sozzani
Jesús Isnard
Retirado do The Icons Issue da Vogue Portugal, publicado em novembro 2024. For the English Version, click here.
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