Com a estreia do filme de Ridley Scott agendada para o dia 25 de novembro, eis um perfil sobre a Lady Gucci, dos anos de glamour à prisão em San Vittore e muito mais.
Com a estreia do filme de Ridley Scott agendada para o dia 25 de novembro, eis um perfil sobre a Lady Gucci, dos anos de glamour à prisão em San Vittore e muito mais.
27 de março de 1995. Milão, três tiros matam Maurizio Gucci, que tinha deixado a sua casa em Porta Venezia para entrar nos escritórios da Via Palestro. E mesmo no hall de entrada, diante dos olhos incrédulos do porteiro, o herdeiro de uma das famílias mais famosas da indústria da Moda caiu no chão. A notícia esteve na primeira página dos jornais durante dias, e nas aberturas dos jornais televisivos em Itália e noutros países. As investigações ocorreram durante dois anos. A única certeza era que o assassino não era um profissional.
É claro que não era um profissional. Tudo o que foi preciso foi uma dica à polícia para levar todas as atenções à “Banda Bassotti”, que Patrizia Reggiani, a antiga Lady Gucci, tinha escolhido, em colaboração com Pina Auriemma, uma ilusionista auto-intitulada, para matar o seu marido, Maurizio. Mas como é Reggiani chegou a este ponto? Quem é Patrizia Reggiani (no filme interpretada por Lady Gaga) que no dia do funeral - numa imagem que tanto nos recordou Joan Collins e que correu o mundo - seguiu o caixão do seu marido (uma vez que ainda não se tinha divorciado) ao lado das suas duas filhas?
Lady Gaga como Patrizia Reggiani no filme House of Gucci
Lady Gaga como Patrizia Reggiani no filme House of Gucci
Façamos um throwback. Hoje, Patrizia tem 72 anos e vive numa bela vila em Milão como um pequeno cão e um papagaio. Concordou em contar a sua história no documentário Lady Gucci: The Life of Patrizia Reggiani, no Discovery + e não nega nada sobre o seu passado. Passou 17 anos na prisão milanesa de Saint Vittore, rebaptizada Residência São Victor porque - declara Reggiani - lá estava muito bem, podia até cuidar do seu furão.
Foi em 1973 que casou com o herdeiro da família Gucci (no filme interpretado por Adam Driver), na ingreja San Sepolcro, em Milão. Na noite do seu primeiro encontro, Maurizio tinha-lhe perguntado se ela queria tornar-se na Sra. Gucci. O casamento foi pródigo, mas entre os 500 convidados, o pai de Maurizio, Rodolfo, estava ausente. Rodolfo considerava a menina de 25 anos uma espécie de alpinista social, demasiado casual. A filha de uma mulher que lavava a loiça, que viveu na periferia pobre de Milão até ser adotada pelo segundo marido da mãe, um empresário rico do setor dos transportes. Na realidade, o seu casamento correu bem, o casal teve duas filhas, Alessandra e Allegra, que agora têm 44 e 40 anos, e lentamente a relação com a família foi sendo estabelecida, em parte graças à proteção do tio Aldo, que a estimava e consultava mesmo quando as assuntos eram negócios.
Patrizia Reggiani vive uma “vida incrível”, como a própria afirma: tem uma penthouse na Quinta Avenida de Nova Iorque (com um Bentley e motorista à porta), quatro chalés em Saint Moritz, uma casa em Milão na Via dei Giardini, organiza festas estratosféricas e é uma habitué no jet set internacional. E, claro, recebe presentes deslumbrantes como o barco Creole, que pertenceu ao armador Stavros Niarchos e e dizem estar amaldiçoado, isto porque a sua esposa Eugene foi encontrada morta no barco. Ela menciona-o novamente no documentário, acima referido, precisamente porque ela traça o início da sua ruína até este navio, considerado o mais belo do mundo.
Em 1983 a Gucci já tinha içado as velas, assim como todas as marcas produzidas em Itália, mas de repente os ventos mudaram para a marca florentina: quando Rodolfo Gucci morreu, Maurizio herdou as ações do pai e pouco depois obteve as do seu primo Paolo. Maurizio expulsou o tio Aldo, e as coisas começaram a desmoronar-se. A marca, que se tornou demasiado popular devido às mil licenças, estava a perder-se e, então, Maurizio vende as suas ações ao árabes. Para Patrizia foi uma amarga desilusão. Maurizio saiu de casa. Mas quando descobre que outra mulher entrou na vida do seu marido - Paola Franchi, uma amiga - recusa-se a aceitar a situação e logo começa a ponderar o homicídio.
“Costumava perguntar a qualquer pessoa, mesmo à pessoa da mercearia, se havia alguém disposto a acabar com a vida do meu marido. Mas não pensei que alguém o faria. Eu tinha uma falha, não conseguia apontar [uma arma], por isso precisava de alguém que o fizesse por mim.” E alguém o fez.
Por muito extravagante que fosse o Gang Bassotti, a investigação esteve no escuro durante meses. Desde o início, os investigadores pensaram que fosse uma rixa financeira, até que o agente milanês, Fillippo Ninni, recebeu um estranho telefonema em janeiro de 1997 às 22h. Patricia Reggiani e a Pina Auriemma foram detidas, juntamente com Benedetto Ceraulo, o homem que disparou o três tiros que mataram Maurizio, assim como todos os membros do gang.
“Mandei matar o Maurizio por rancor.” É desta forma que Patrizia sintetiza a sua escolha extrema.