Foto: Noam Galai/Getty Images for WSJ. Magazine Innovators Awards
Num momento que promete redefinir a Moda nova-iorquina, Jack McCollough e Lazaro Hernandez, da Proenza Schouler anunciaram hoje que vão deixar a marca que fundaram em 2002, enquanto recém-licenciados pela Parsons School of Design.
McCollough e Hernande, cuja saída ficará efetiva a 31 de janeiro, irão permanecer no conselho de administração e continuar a ser acionistas, e a CEO da marca, Shira Suveyke Snyder, que foi contratada em outubro do ano passado, está à procura de um novo diretor criativo.
“Sentimo-nos privilegiados por termos tido a oportunidade de construir uma equipa tão extraordinária, da qual alguns estão connosco desde o primeiro dia… Estamos confiantes de que fomos capazes de transmitir um pouco do que nos alimenta criativamente e, através deles, a Proenza Schouler continuará a evoluir de uma forma que faz sentido não só para a marca, mas para o momento”, disseram McCollough e Hernandez à Vogue.
“Estamos à procura do nosso sucessor, e será fascinante ouvir o que a Proenza Schouler significou para estas pessoas: tantas memórias, tantos períodos de trabalho… foram duas décadas de coleções. Começámos esta empresa a partir do nosso quarto quando éramos estudantes na faculdade, mal tínhamos vinte e poucos anos. Naquela altura, nunca poderíamos ter imaginado o caminho transformador que tínhamos pela frente. Temos a sorte de ter tido um sistema de apoio incrível à nossa volta, tanto dentro como fora da empresa, pessoas que consideramos família, e é graças a elas que a Proenza Schouler é o que é hoje, e esperamos que, de alguma forma, esta viagem tenha deixado uma pequena e indelével marca na Moda de Nova Iorque”.
À esquerda: Spring 2025 ready-to-wear. Ao centro: Spring 2022 ready-to-wear. À direita: Fall 2023 ready-to-wear.
À esquerda: Monica Feudi / Cortesia Proenza Schouler. Ao centro: Jonas Gustavsson / Cortesia Proenza Schouler. À direita: Jonas Gustavsson / Cortesia Proenza Schouler.
À esquerda: Fall 2018 ready-to-wear. Ao centro: Spring 2016 ready-to-wear. À direita: Spring 2014 ready-to-wear.
À esquerda: Monica Feudi / Indigital.tv. Ao centro: Monica Feudi / Indigitalimages.com. À direita: Monica Feudi / Feudiguaineri.com
Os designers celebraram o 20º aniversário da marca em 2023, e convidaram Chloe Sevigny, uma das suas primeiras fãs celebridades, para abrir o seu desfile de outono/inverno desse ano. McCollough descreveu-a como “a nossa coleção mais pessoal de sempre – menos centrada num tema, [e] mais virada para as mulheres reais das nossas vidas: o que é que elas querem?”
Compreender o que as mulheres com estilo querem é um dos pontos fortes dos designers; eles cultivaram uma equipa de cool girls que inclui estrelas como Sevigny e Natasha Lyonne, pessoas ligadas à Moda, como a co-fundadora da Moda Operandi, Lauren Santo Domingo, a diretora da W Magazine, Sara Moonves, e membros dos mundos artístico e literário, de Olympia Scarry a Ottessa Moshfegh, que cresceram ao seu lado. Esse fator de coolness ajudou-os a ganhar o primeiro prémio CFDA/Vogue Fashion Fund em 2004. Seamless, o documentário de longa-metragem realizado por Douglas Keeve sobre o concurso, proporcionou aos dois designers as suas primeiras menções no IMDb.com. Ao longo dos anos, receberam também inúmeros prémios da CFDA, incluindo o prémio Swarovski para Ready-to-Wear em 2003 (agora o prémio Designer Emergente), o prémio de Designer de Acessórios do Ano em 2009, pela carteira PS1, e o prémio Designer do Ano na categoria Womenswear em 2007, 2011 e 2013.
À esquerda: Liya Kebede na premiere de Mad Max: Fury Road, em maio de 2015. À direita: Meghan, Duquesa de Sussex, no Variety Power Of Women, em 2023.
À esquerda: Pascal Le Segretain/Getty Images. À direita: Unique Nicole.
A história de origem da Proenza Schouler está repleta de momentos de contos de fadas. Quando Hernandez, ainda estudante, encontrou a diretora da Vogue, Anna Wintour, escreveu um bilhete num guardanapo e entregou-lho na primeira classe. Segundo consta, esta ficou reticente mas recebeu o bilhete e, duas semanas depois, Hernandez conseguiu um estágio na Michael Kors. McCollough, por sua vez, trabalhou na Marc Jacobs enquanto ainda estava a estudar. Fast-forward para a cerimónia de conclusão dos seus estudos, em 2002: Julie Gilhart, na altura diretora de Moda da Barneys e uma fashion scout de renome, estava na audiência e gostou tanto do que comprou a coleção para a loja de departamento nova-iorquina.
Agora, McCollough e Hernandez deixam para trás uma marca enraizada no sportswear americano; embora se tenham dedicado à alfaiataria elegante e para o goddess dressing desde a pandemia, os seus sucessos mais reconhecíveis incluem um vestido de dia em veludo tingido, saias midi plissadas, t-shirts com laços e tops e vestidos de corpete, que permaneceram icónicos.
Backstage do desfile da Proenza Schouler fall 2023 ready-to-wear.
Hunter Abrams
Se analisarmos o documentário Seamless, dos seus nove colegas finalistas, apenas um continua a apresentar as suas coleções (Johnson Hartig, da Libertine). McCollough e Hernandez também enfrentaram a sua quota de obstáculos, desde problemas com investidores a uma série de desfiles em Paris que, ao invés de os catapultar para as grandes ligas das quais ansiavam fazer parte, terminou após duas temporadas. A Proenza Schouler faz agora parte do establishment nova-iorquino, mas manteve a sua imagem de “cool kids”. Por isso, a saída abrupta dos designers vai alimentar a especulação sobre os seus próximos passos – afinal, estão apenas na casa dos quarenta.
Um rumor popular – numa indústria que parece estar a alimentar-se deles nos dias que correm – aponta-os como sucessores de Jonathan Anderson na Loewe, que, por sua vez, tem sido alvo de rumores sobre a sua mudança para a Dior. Os criadores não quiseram comentar sobre estas teorias. Em todo o caso, não há dúvida que irão deixar um vazio no calendário da Semana da Moda desta estação. Questionados sobre se estão a deixar a porta aberta para um dia regressarem aos seus cargos de diretores criativos da Proenza Schouler, McCollough e Hernandez disseram: “Quem sabe o que o futuro reserva para qualquer um de nós, mas depois de muita reflexão, sentimo-nos prontos para virar a página deste capítulo das nossas vidas... Somos as pessoas que somos devido às pessoas extraordinárias que conhecemos e às experiências inesquecíveis que tivemos através do trabalho que fazemos. Temos um imenso sentimento de gratidão. A Proenza Schouler tem sido a história que define as nossas vidas até agora, mas sempre acreditámos que uma vida bem vivida deve consistir em múltiplos e diversos capítulos e, até à data, só tivemos um. Estamos ansiosos por ver o que o futuro nos reserva e continuaremos a sonhar alto e a estar disponíveis para o que quer que surja no nosso caminho.”
Quanto ao panorama geral: Nova Iorque tem uma vaga para diretor criativo – o que é raro. “Estamos à procura de um líder visionário que possa retomar o trabalho de Jack e Lazaro e honrar os códigos da marca que eles desenvolveram”, disse Suveyke Snyder à Vogue. “Esta pessoa deve ter o amor pelo conceito, pela técnica e pelo artesanato que nos fará avançar para o nosso próximo capítulo.” E, “a nossa procura internacional vai acelerar agora que esta notícia se tornou pública. Com um atelier extraordinário e um estúdio de renome, esperamos que seja uma transição perfeita, à medida que identificamos um novo líder de design e definimos os prazos para o futuro.”
Traduzido do original, disponível aqui.
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