Lenços: o acessório de 2019?

Em jeito de preview da próxima estação, mas a pensar também no agora, a Vogue debruçou-se sobre os headscarfs e de como este acessório se pode transformar na next big thing da indústria.  

No verão de 2018, vimos o chapéu La Bomba do francês Jacquemus a tomar conta de muitos feeds de Instagram - a verdade é que o vimos tantas vezes que a vontade de o adicionarmos ao carrinho de compras era (perdão, continua a ser) proporcional ao seu tamanho. Contudo, o seu reinado pode ter um fim à vista, uma vez que os lenços na cabeça foram protagonistas de muitos desfiles, tanto da primavera/verão, como do outono/inverno. E porque é que estes lenços se vão transformar no acessório de 2019?

Para melhor entender o estatuto deste acessório, é preciso recuar até ao ano de 1959, quando Grace Kelly, a então adorada Princesa do Mónaco, decidiu usar um lenço Hermès para servir de apoio ao braço lesionado, numa das emblemáticas festas de Aristóteles Onassis. A Vanity Fair afirma que aquele foi o momento em que este acessório viu o seu rótulo elevar-se, deixando para trás a humildade para poder abraçar um lugar de destaque que, segundo a publicação norte-americana, “ficava logo abaixo da tiara.” Mas se Kelly fora uma impulsionadora no final dos anos 50, Isabel II é muito provável a grande precursora desta tendência, uma vez que Sua Majestade usava este lenços na cabeça nas mais diversas ocasiões e, surpresa, surpresa, é um dos acessórios que ainda permanece no guarda-roupa da Rainha. 

Rainha Isabel II, 1956

Elizabeth Taylor, 1960

Jackie Kennedy, 1962

Ingrid Bergman, 1963

Veruschka, 1967

Helen Mirren, 1975

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© Getty Images

Do sangue azul até à realeza da sétima arte, os passos não foram muitos. Audrey Hepburn, Brigitte Bardot, Elizabeth Taylor e Ingrid Bergman são quatros dos nomes que usavam e abusavam deste acessório, dentro e fora do ecrã. Estas figuras incontornáveis no que ao estilo diz respeito acabaram por moldar a maneira como os headscarfs viriam a ser utilizados nas décadas seguintes. 

Fast forward para 23 de fevereiro de 2018 quando, em Milão, Donatella Versace desvendou as propostas para o outono/inverno 2018, o emblemático desfile que assinalara o 20º aniversário da morte do seu irmão, Gianni Versace. Entre os padrões axadrezados e as silhuetas ultra-sexy, estavam os lenços que tanto faziam parte de um vestido, como serviam de acessório para a cabeça. À marca italiana, juntaram-se nomes como Gucci, Richard Quinn, Balenciaga e Valentino que, das mais diversas maneiras, reintroduziram os lenços às luzes da ribalta. 

Backstage: Gucci, Versace e Richard Quinn, outono/inverno 2018 © ImaxTree
Backstage: Gucci, Versace e Richard Quinn, outono/inverno 2018 © ImaxTree

Com mais, ou menos padrões, em seda, ou cetim, a verdade é que há quem já se tenha rendido a eles. As it girls do costume como Leandra Medine Cohen, Linda Tol e Marie Jedig já puseram em prática esta tendência. Como? Combinando o lenço com um coordenado mais sóbrio e sempre com óculos de sol. 

Mas, se para o outono/inverno a questão está mais ao menos delineada, é precisar virar as atenções para a estação quente de 2019. Julia Hobbs, editora de Moda e Tendências da Vogue International, explica que qualquer imagem de Brigitte Bardot no verão (olá, St. Tropez) deve estar na nossa mente constantemente. Não só pelas calças Capri que usava - e que encheram o último desfile da Chanel - mas também pelo seu lenço característico que será o acessório principal juntamente com um bom par de óculos de sol. 

Os desfiles de J.W. Anderson, Michael Kors e Max Mara comprovam que este será o acessório de 2019, mas propõe um twist para a estação quente. Em vez de atar o lenço na parte da frente do pescoço (como é feito tipicamente no inverno), prende-se na nuca, bem ao estilo hippie dos anos 60.