Numa indústria maioritariamente masculina, há mulheres que chegaram ao mundo não para ser estrelas, mas constelações inteiras. E é nelas que devemos pôr os ouvidos.
Numa indústria maioritariamente masculina, há mulheres que chegaram ao mundo não para ser estrelas, mas constelações inteiras. E é nelas que devemos pôr os ouvidos.
Beyoncé © Getty Images
Beyoncé © Getty Images
Oito da manhã de uma segunda feira. A semana alinha-se à nossa frente e o panorama não é bonito. Há reuniões, há prazos e, pior que tudo, há rotina. Não aconteceu nada de errado mas também ainda não aconteceu nada de certo, e a vontade de sair porta fora é nula, porque a partir do momento em que tomamos banho, em que nos vestimos, maquilhamos, e vemos a rua ao fundo do túnel, é real. Vai começar.
Por isso, logo depois de nos levantarmos, enquanto lavamos os dentes, ligamos o telemóvel às colunas. A playlist é aleatória mas escolhemo-la a dedo, só com feel good songs. E cantamos a plenos pulmões. Dançamos em frente ao espelho ao mesmo tempo que escolhemos a roupa e, imagine-se, que bem que nos fica este vestido hoje. Que bem que nos sabe o banho enquanto dançamos mais um pouco. Que bem que saímos de casa.
A música é poderosa. E a música é das artes mais pessoais de todas. É uma dança a dois. Naquele momento, não existe mais nada, não existe mais mundo, só nós e Rihanna, só nós e o ritmo e a letra que deixou de ser dela para passar a ser nossa. A música é uma terapia. E faz-nos sentir bonitas. E poderosas. Especialmente quando cantadas por mulheres tão poderosas como nos fazem sentir a nós. Mulheres que se relacionam connosco, que cantam as nossas mágoas e alegrias e que nos purgam as inseguranças. Mulheres que conseguiram ser universos por si só num meio em que apenas 5% das pessoas envolvidas na produção é do sexo feminino. Mulheres que não alimentam estereótipos e falam de empoderamento, falam de esperança, falam de tristeza e da beleza que é estar viva e poder dançar em frente ao espelho de manhã. Mulheres que falam de sexualidade sem pedir desculpa, que nos fazem sentir bem com as nossas decisões, sentir bem connosco.
Isso é impagável e é só uma pequena prova de que sim, estas mulheres inspiram-nos por terem conseguido ser grandes, por terem uma carreira impecável, por serem humanas e imperfeitas - como nós, veja-se lá. Mas também pela sua arte. É por isso que reunimos abaixo a nossa playlist matinal, quase como se fosse um grito de guerra contra todos os medos e um grito de alegria que celebra todas as felicidades. Que nos celebra a nós, as mulheres.
Beyoncé ft. Chimamanda Ngozi Adichie - Flawless
Chaka Khan - I'm Every Woman
Janet Jackson - Nasty
Janelle Monáe ft. Erykah Badu - Q. U. E. E. N.
M.I.A. - Bad Girls
Destiny's Child - Independent Women, Pt. 1
Lion Babe - Wonder Woman
Joan Jett - Bad Reputation
SZA ft. Kendrick Lamar - Doves In The Wind
Leslie Gore - You Don't Own Me
Gloria Gaynor - I Will Survive
Princess Nokia - Tomboy
Queen Latifah - U.N.I.T.Y.
Lauryn Hill - Doo-Wop (That Thing)
Nina Simone - Feeling Good
Erikah Badu - Tyrone
TLC - No Scrubs
Aretha Franklin - Respect
Solange - Don't Touch My Hair