Richard Creamer/Michael Ochs Archives/Getty Images
Embora para muitas pessoas seja uma estratégia de desintoxicação, a dúvida sobre se este tipo de alimentação engorda ou não está em cima da mesa. Uma especialista explica.
Jantar só fruta engorda?
Comer apenas fruta ao jantar várias vezes por semana como estratégia de desintoxicação e até de emagrecimento é uma ideia que tem vindo a fazer parte do imaginário popular, sendo a sua adequação cada vez mais questionada. De facto, está em cima da mesa a questão de saber se a sua prática regular tem mesmo o efeito contrário, ou seja, se engorda. Comer ocasionalmente, especialmente quando se sente pesado, inchado ou após grandes refeições, pode ser uma alternativa, mas não é a mais aconselhável, uma vez que não é uma refeição completa nem saciante. Sandra Lordén Álvarez, especialista em nutrição desportiva, tem uma explicação muito clara sobre se engorda: “Comer apenas fruta ao jantar pode resultar numa ingestão insuficiente de outros nutrientes essenciais, como as proteínas e as gorduras saudáveis, que são importantes para a saciedade e o bom funcionamento do organismo. A falta destes nutrientes pode levar a um aumento da fome no dia seguinte, o que pode levar a um ciclo de excessos, pois podemos acordar com vontade de comer”, explica a especialista, que, apesar de insistir nos benefícios da fruta, lembra a importância de ter em conta os diferentes aspetos da adoção desta prática. E embora um deles seja analisar o que acontece no dia seguinte - algo que, para além da sensação de bem-estar, pode afetar o peso - Lordén Álvarez também tem em conta os efeitos a longo prazo. “As frutas são ricas em vitaminas, minerais e fibras, mas também contêm açúcares naturais que podem afetar os níveis de glicose no sangue. Quando a fruta é consumida sozinha ao jantar, especialmente em grandes quantidades, pode ocorrer um aumento significativo da glicose no sangue (especialmente se forem escolhidos frutos com um índice glicémico elevado). Um aumento súbito da glicose pode desencadear uma resposta da insulina que, a longo prazo, pode contribuir para o desenvolvimento de resistência à insulina e outros problemas metabólicos”, explica. O nutricionista Charles Orrico acrescenta: “A fruta é saudável, mas contém açúcar natural. Comer apenas fruta ao jantar provoca um pico de insulina e, se essa energia não for utilizada, é convertida em gordura.
A recomendação geral se quiser comer fruta ao jantar
Se lhe apetecer incluir fruta ao jantar, os nutricionistas aconselham a acompanhá-la sempre com outros macronutrientes, como as proteínas e as gorduras saudáveis. “Embora a inclusão de fruta ao jantar possa ser saudável, é aconselhável combiná-la com outros alimentos que forneçam proteínas e gorduras saudáveis, como uma salada de fruta que inclua iogurte e frutos secos. Isto ajudará a manter um equilíbrio nos níveis de glucose no sangue e a garantir uma dieta mais completa e satisfatória. Além disso, se escolher fruta com um índice glicémico mais baixo (como frutos vermelhos, morangos, mirtilos, pêras ou maçãs), reduzirá o aumento dos níveis de glicose no sangue”, explica Lordén Álvarez. No entanto, se quiser perder peso, os jantares proteicos são geralmente uma alternativa a considerar porque, como acrescenta o Dr. Leo Cerrud, “a fruta contém muito açúcar: pode ser incorporada na nossa dieta, mas é melhor comer a última ao almoço. Para não engordar, tem de incluir muita água, toneladas de fibras e a menor quantidade de açúcar possível”.
Uma boa alternativa noturna para o peso e a saúde
Saltar o jantar não é uma opção (nem é uma opção quando se trata de perder peso). No entanto, é, e como explica a farmacêutica e nutricionista Boticaria García no seu livro Tu cerebro tiene hambre (O teu cérebro tem fome, editado pela Planeta), “a evidência disponível até à data sugere que é aconselhável concentrar a maior parte das ingestões durante o dia e evitar ingestões pesadas à noite”. Embora, como salienta a especialista, a crononutrição seja um campo de estudo emergente, a investigação sugere que comer mais tarde durante o dia, perto da hora em que a melatonina é libertada, pode aumentar a libertação de colesterol e diminuir o gasto energético em repouso e a tolerância à glicose. Por conseguinte, jantar mais cedo é sempre a melhor opção.
Traduzido do original, disponível aqui.
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