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Os momentos que marcaram a Moda em 2024
Coperni SS25 | Lyvans Boolaky/Getty Images
De coleções transformadoras a grandes momentos culturais, este foi um ano de criatividade audaz e revivalismos nostálgicos. Com 2024 prestes a chegar ao fim, refletimos sobre os acontecimentos que definiram e marcaram o universo da Moda nos últimos 12 meses.
Enquanto o mundo equilibrava inovação e nostalgia, 2024 presenteou-nos com uma série de momentos que vão, certamente, permanecer na memória coletiva. A coleção Artisanal da Maison Margiela redefiniu a Alta-Costura sob a brilhante direção de John Galliano, enquanto Matthieu Blazy assumiu as rédeas da Chanel, anunciando uma nova era para a histórica maison. Casas de Moda e ícones culturais abraçaram o "method dressing" e reviveram estéticas que marcaram décadas passadas. A Met Gala brilhou como sempre, e até os Jogos Olímpicos se tornaram um palco para o esplendor do estilo. Eis os momentos que definiram a Moda e a cultura em 2024.
Maison Margiela Artisanal SS24
Sob o brilho do céu estrelado parisiense, a coleção final de John Galliano para a Maison Margiela revelou-se um triunfo teatral incomparável. O desfile Artisanal primavera/verão 2024, inspirado pelas fotografias de Brassai que capturam a vida noturna de Paris nos anos 1920 e 1930, tornou-se simultaneamente uma sensação viral e uma (agora óbvia) despedida carregada de emoção.
A visão de Galliano ganhou forma através de corpetes altamente estruturados, vestidos em renda translúcidos e silhuetas exageradas, transformando as modelos em personagens aparentemente saídas do submundo parisiense. Com penteados dramáticos e maquilhagem que fazia lembrar bonecas de porcelana - criação da lendária Pat McGrath -, as modelos desfilaram dissolvendo as fronteiras entre a Alta-Costura e a arte performativa.
A sua partida da maison deixa um legado de criatividade ousada e saber-fazer visionário, reafirmando o lugar de Galliano entre os grandes mestres da Moda com uma coleção que será, certamente, recordada por muitos anos.
Launchmetrics Spotlight
O regresso glorioso do Boho
O boho chic regressou triunfante em 2024, reinventado para uma audiência moderna, mas fiel às raízes do espírito livre dos anos 1970. Designers como Chemena Kamali na Chloé e Isabel Marant lideraram esta tendência, trazendo de volta vestidos maxi românticos, bordados, franjas, folhos e tons terra com um apelo contemporâneo.
Este revival transcendeu as estações para se tornar um fenómeno durante todo o ano. Malhas aconchegantes e capas estruturadas aqueceram os guarda-roupas de inverno, enquanto peças leves e fluidas dominaram os dias de verão. Em 2025, prevê-se que o boho continue e invadir as passerelles e as ruas, com a sua influência a crescer inegavelmente.
Daisy Edgar-Jones torou-se um dos rostos da tendência, juntando-se a outros nomes sonantes como Sienna Miller
Gotham/GC Images/Getty Images
O apogeu do "method dressing"
Em 2024, o method dressing – definido pelo alinhamento entre o estilo pessoal e as narrativas dos papéis desempenhados por um ator – consolidou-se como um verdadeiro fenómeno. Zendaya brilhou com visuais que refletiam a força e a complexidade de Challengers ou Dune, enquanto Cynthia Erivo e Ariana Grande trouxeram a magia de Wicked para o mundo real, com tons de preto ou verde dramático e tule pastel e etéreo. Já Jenna Ortega abraçou o estilo gótico e excêntrico de Beetlejuice Beetlejuice, com tons escuros e muitas riscas.
Zendaya na estreia de Dune: Part Two, em Londres, com uma peça de arquivo Mugler Alta-Costura da primavera de 1995
Wiktor Szymanowicz/Future Publishing via Getty Images
Ariana Grande e Cynthia Erivo na estreia de Wicked: Part One em Londres. Grande usa custom Ralph Lauren e Erivo veste Schiaparelli Alta-Costura do outono/inverno 2024
Karwai Tang/WireImage
Met Gala 2024
Com o tema The Garden of Time, a Met Gala de 2024 inspirou-se na exposição Sleeping Beauties: Reawakening Fashion do museu MET para celebrar a eterna ligação entre a natureza e a passagem do tempo. Repleto de interpretações imaginativas e criatividade sem limites, o evento, como habitual, mostrou ser um dos destaques do ano, unindo o melhor da Moda à arte e ao entretenimento.
O retorno do Indie Sleaze
O glamour cru, desinteressado e hipnotizante dos anos 2010 voltou em força em 2024, com o renascimento do indie sleaze. Esta estética rebelde trouxe de volta vestidos curtos, eyeliner esborratado e cabelos desalinhados, celebrando uma atitude despreocupada e uma alma inegavelmente underground. Tanto nas passerelles como no street style, este movimento - que passa tanto pela Moda como pela atitude - fez ressurgir a autenticidade irreverente, onde imperfeição e ousadia são elementos essenciais. Em 2025, o indie sleaze promete continuar a refinar o seu caos.
Desporto e(m) Paris: Os Jogos Olímpicos e o Vogue World
Este ano, Paris reafirmou o seu estatuto como epicentro cultural ao acolher dois eventos de proporções extraordinárias: os Jogos Olímpicos de verão e o Vogue World. Nos Jogos Olímpicos, o sportswear subiu ao pódio com uniformes que uniram funcionalidade e design, e este encontro entre desempenho e estética destacou-se como um dos grandes momentos visuais do evento.
Por sua vez, o Vogue World transformou a histórica Place Vendôme numa passerelle, celebrando um século de Moda francesa. Aqui, desporto e Moda encontraram-se de forma inédita, com modalidades como esgrima, ciclismo, ginástica e equitação a brilhar em criações dos grandes nomes da indústria. Afinal, em Paris, até o desporto é uma declaração de estilo.
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A febre Brat
O momento mais rebelde de 2024 foi protagonizado por Charli XCX, cujo álbum revolucionário Brat deu origem a uma estética ousada e divertida que rapidamente se tornou um fenómeno cultural. A capa em vibrante verde-lima, carregada de energia elétrica, transformou-se num ícone instantâneo, definindo a atitude destemida e ousada do movimento. Mais do que um sucesso musical, Brat transcendeu fronteiras, dominando as redes sociais e influenciando o street style de forma arrebatadora. O estilo arrojado de Charli – entre óculos escuros e uma dose inconfundível de irreverência – capturou o espírito de uma geração em busca de autoexpressão lúdica e despreocupada.
A estreia de "In Vogue: The 90s"
Em 2024, In Vogue: The 90s estreou na Disney+, numa viagem nostálgica e perspicaz a uma década absolutamente transformadora para a Moda e para cultura pop. A série de seis episódios contou com entrevistas a ícones como Anna Wintour, Naomi Campbell, Tom Ford e Kate Moss, explorando temas como o auge das supermodelos, a influência do grunge e do hip-hop, e a globalização da Moda americana.
Enquanto momento cultural marcante, a série uniu passado e presente, reafirmando os anos 90 como uma fonte inesgotável de inspiração e reacendendo uma apreciação cultural pelos momentos marcantes da época.
A Coperni foi à Disney
A Coperni fez história ao realizar o primeiro desfile na Disneyland Paris, a 1 de outubro de 2024, durante a Semana de Moda de Paris. A apresentação, que aconteceu em frente ao castelo da Bela Adormecida, trouxe uma coleção inspirada no mundo mágico da Disney, dividida em três atos: a inocência da infância, os vilões e as princesas. Kylie Jenner encerrou o espetáculo de forma triunfante, num dramático vestido preto que evocava o espírito de uma vilã. O desfile fica marcado como uma das apresentações mais emblemáticas da história da Coperni e um marco inesquecível para o mundo da Moda.
Ready-to-wear primavera/verão 2025
Launchmetrics Spotlight
O desfile da Victoria’s Secret regressou
Após uma pausa de seis anos e muita controvérsia em torno da evolução da marca, a Victoria’s Secret regressou às passerelles em outubro com um desfile repleto de estrelas, que combinou nostalgia e modernidade. Supermodelos icónicas como Tyra Banks, Bella Hadid, Gigi Hadid, Adriana Lima e Candice Swanepoel fizeram um regresso entusiasmante, enquanto Kate Moss desfilou pela primeira vez para a marca, num momento histórico. O espetáculo celebrou o legado da VS mas incorporou novos elementos na sua narrativa, numa tentativa de equilibrar o brilho característico da Victoria’s Secret com uma perspetiva renovada - e ainda com direito a uma inesquecível atuação de Cher.
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O que é sexy agora? A Victoria's Secret apoia-se no seu passado para regressar às passerelles
Read MoreDiretores criativos: um jogo infinito de entradas e saídas
2024 testemunhou uma mudança sísmica - e até difícil de acompanhar - na indústria da Moda e nas suas maisons, com saídas inesperadas, nomeações surpreendentes e um foco renovado na reinvenção. Na Chanel, Matthieu Blazy assumiu o lugar de Virginie Viard, trazendo a sua mestria artesanal da Bottega Veneta para uma das casas mais icónicas da Moda. A Tom Ford entregou o poder a Haider Ackermann, e a Valentino surpreendeu ao nomear o Alessandro Michele como diretor criativo após a saída de Pierpaolo Piccioli.
Outras mudanças incluíram Sarah Burton na Givenchy, prometendo trazer a sua brilhante narrativa, e Louise Trotter na Bottega Veneta, enquanto Peter Copping se juntou à Lanvin. A Moschino virou-se para Adrian Appiolaza para uma visão ousada e lúdica, enquanto a Celine anunciou Michael Rider como sucessor de Hedi Slimane. A Helmut Lang viu a saída de Peter Do e, em dezembro, John Galliano anunciou a sua partida da Maison Margiela após uma década transformadora.
O que reservará 2025 para os grandes nomes da Moda? A especulação é muita, mas os lugares restantes são escassos. Como habitual, estaremos a acompanhar de perto.
As primeiras propostas de Alessandro Michele para a Valentino foram apresentadas na coleção Resort Off Season 2025, composta por 171 looks
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By Maria Inês PintoAll articles
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