O designer, que conversou com a Vogue desde a sua casa em Nettuno, Itália, conversou sobre os sonhos e as emoções que a Moda pode criar, com a diretora da Vogue Paris, Emmanuelle Alt.
O mundo, de momento, é lugar ditado por restrições: onde não podes ir, o que não podes fazer, quem podes ou não ver. Pierpaolo Piccioli, da Valentino, tem uma solução criativa para as restrições que estamos a viver: sonhar. O designer, que conversou com a Vogue desde a sua casa em Nettuno, Itália, sobre os sonhos e as emoções que a Moda pode criar, com a diretora da Vogue Paris, Emmanuelle Alt.
“Neste momento, é preciso pensar fora da caixa”, começou por dizer Piccioli. “Precisas de criar novas regras.” As novas regras que o designer escreve na Valentino, onde cria as linhas masculinas, femininas, os acessórios e a Alta-Costura, têm tudo a ver com a Moda como um meio de iluminação e fantasia. “A Moda para mim é uma grande palavra. Acho que, na última década, produzimos muito coisa. […] Não te estás a conectar muito com as coisas que são produzidas, tu só te consegues conectar com as pessoas através das emoções”, confessou. “Acho que a Moda é, sobretudo, sobre a tua ideia de beleza em relação ao tempo em que estás a viver […] Tem que ver com sonhos, emoções, poesia, leveza.”
"A Moda é, sobretudo, sobre a tua ideia de beleza em relação ao tempo em que estás a viver." Pierpaolo Piccioli
Citando a célebre frase de Diana Vreeland, “dê aquilo que eles nunca souberam que precisavam”, Piccioli continuou: “A ideia não é só entregar coisas, não é entregar roupa nova: é entregar novos sonhos e emoções para um novo momento."
Como entregar um novo futuro quando o presente parece sombrio? Piccioli é firme ao afirmar que, para fazer isso, os designers precisam de falar através do seu ofício - não através de declarações de marketing vazias. “Não quero fazer slogans sobre inclusão”, começou por declarar. “Se tu gostas de Moda, acho que é relevante quando entregas mensagens através da Moda e não de slogans. […] Está a falar-se muito de inclusão e diversidade. Acho que não precisamos de falar sobre isso, nós temos é que passar para a ação. Não precisas de falar.”
Alt falou sobe o desfile de Alta-Costura de Piccioli para primavera/verão de 2019 e do final vívido com todos os modelos negros, um momento em que a mensagem de união era óbvia. Essa ideia está ligada ao que Piccioli está a fazer para construir uma comunidade em torno da Valentino. “A ideia de comunidade é o novo mundo”, afirmou. “Acho que a comunidade significa um grupo de pessoas que partilham os mesmos valores que tu. É muito diferente do lifestyle, a palavra da última década. Lifestyle é uma palavra que significa que um grupo de pessoas está a partilhar a superfície, a comunidade significa partilhar valores. Sinto que agora, mais que nunca, precisamos de ser comunidades de pessoas que partilham os mesmos valores.”
"Sinto que agora, mais que nunca, precisamos de ser comunidades de pessoas que partilham os mesmos valores.” Piccioli
Este mês, a marca anunciou a campanha Empathy, na qual 24 amigos da marca - de Gwyneth Paltrow a Rossy de Palma e Adut Akech - vão ser fotografados pelos seus entes queridos a vestir Valentino em suas casas. Como os talentos desta campanha disponibilizaram o seu tempo, a Valentino tem a oportunidade de realocar o orçamento de uma campanha para uma doação, no valor de um milhão de dólares, ao Instituto Nacional de Doenças Infecciosas Lazzaro Spallanzani de Roma. “A campanha é o nosso trabalho, é a imagem, mas podemos doar através do nosso trabalho”, afirmou Piccioli. “A única coisa que posso fazer é o meu trabalho e esperar ser útil para outras pessoas.”
Piccioli explicou ainda como é que ele e a Valentino estão a trabalhar atualmente na coleção de Alta-Costura, a ser apresentada ainda este ano. A história da marca como fornecedora de fantasia através da Alta-Costura deve continuar, com roupas que parecem “mais radicais [e] mais extremas” na sua beleza. “Sinto que isso é muito importante; mesmo tendo a consciência da situação, temos a responsabilidade de permitir que as pessoas continuem a sonhar. Esse é o nosso trabalho”, continuou. “Mesmo que sintas o momento, não tens que refletir o momento. Não acho que tenhas que refletir o momento, tens é que reagir a esse momento, dando uma nova ideia de beleza. Tens que tentar iluminar o fim do túnel, não precisas de ver a escuridão.” Para Piccioli, essa luz brilha quando a criatividade é primordial.
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