Instagram, Facebook, Tiktok, Clubhouse, Tinder... todas diferentes, todas iguais. No dia mundial das redes sociais questionamo-nos sobre qual o impacto que tiveram nas nossas vidas.
Instagram, Facebook, Tiktok, Clubhouse, Tinder... todas diferentes, todas iguais. No dia mundial das redes sociais questionamo-nos sobre qual o impacto que tiveram nas nossas vidas.
Fotografia de Frederico Martins. Vogue Portugal, julho 2019.
Fotografia de Frederico Martins. Vogue Portugal, julho 2019.
A evolução é potenciada pela comunicação, apenas através da partilha de informação foi historicamente possível formar civilizações. A partilha de crenças, regras de funcionamento e costumes formam culturas e sendo a atualidade o momento de mais rápida evolução, faz sentido que seja o momento de mais rápida comunicação. Seja através de textos, comentários, imagens ou vídeos, a partilha é absoluta, prática e imediata. O que partilhar? Tudo. Ou nada, mas a ausência das redes sociais cria desconfiança.
Há uma nova organização de poder de comunicação, descentralizada e independente de grandes jornais ou publicações, mas o que aparenta ser um momento máximo de liberdade não está livre de constrangimentos. Para além do controlo das plataformas sobre informações privadas dos seus utilizadores, há o controlo que exercemos uns sobre os outros. Consideremos o seguinte, o Facebook nasce em 2004, há 17 anos, portanto apenas os jovens que têm agora 17 anos, e mais novos, nasceram e cresceram com as redes sociais. Estas mesmas pessoas terão uma pegada digital que poderá iniciar com uma fotografia do dia do seu nascimento - #blessed. Uma infância totalmente registada, pelos próprios ou pelos pais ou pelos amigos ou pelos amigos dos pais, uma vida totalmente registada. O que significará a comunicação para estas pessoas?
Deixamos a seguinte pergunta: lembram-se da caligrafia das vossas avós? Quantas listas de compras das nossas avós não são dignas de uma moldura, tão delicadamente desenhadas como se de uma carta de amor se tratasse. A relação que as nossas avós tinham com a comunicação em nada se assemelha com a nossa. Estas mesmas mulheres cobriam o cabelo para entrar numa igreja, uma demonstração de respeito pelo espaço. A apresentação pública – atualmente nas redes sociais, antigamente em espaços sociais – considera um conjunto de camadas da nossa personalidade, entre o que somos, quem queremos ser, quem queremos parecer e ainda de que forma as nossas circunstâncias nos permitem concretizar o nosso ideal de autorrepresentação. De que forma irão as gerações que cresceram com as redes sociais relacionar-se com a comunicação? Não estarão os nossos padrões de comportamento demasiadamente alinhados com os de uma sociedade anterior às redes sociais, em que a partilha excede todos os limites de privacidade anteriormente estabelecidos?
Rear Window © Getty Images
Rear Window © Getty Images
Entre Influencers, Reality Show Stars e Tiktokers, evidenciada está a curiosidade que temos sobre as vidas uns dos outros, quando Hollywood previu o futuro nunca pensou que este fosse viver à base da monetarização do voyeurismo. Mas com um novo sistema de comunicação vem um novo conjunto de regras de interação, e apesar de sermos uma sociedade de voyeurs esta não poderá nunca ser a premissa de um relacionamento. O momento chegou para um novo livro de etiqueta social aplicado às redes sociais – comentários não são mensagens privadas, uma foto de grupo terá sempre que ser aprovada por todos os fotografados e cada rede social tem o seu propósito, são alguns exemplos de funcionamento digital a seguir. Mas para além de dicionários explicativos de emojis, será necessário considerar de que forma os relacionamentos alteram com o filtro social media.
A forma como nos relacionamos alterou, a forma como nos comportamos alterou, a invenção trouxe uma alteração, como trouxe a invenção do telefone ou da roda. A questão relativa às redes sociais será sempre se os riscos excedem os benefícios. Será que as redes sociais comunicam problemas ou os criam? Estaríamos individualmente mais felizes com menos comunicação? Ou apenas mais inocentes? Ou sozinhos? Criticamos as redes sociais nas redes sociais, esquecendo que este espaço digital iniciou o movimento #MeToo, #BlackLivesMatter, #BringBackOurGirls, entre outros. A questão permanece: os riscos excedem os benefícios?
Most popular
Relacionados
Alice Trewinnard prepara-se para a GQ Night of the Year | Beauty Confessions
23 Nov 2024