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Regresso aos 80’s em 30 Filmes

16 Aug 2017
By Catarina D'Oliveira

A propósito da visita ao passado do novo filme de Richard Linklater aproveitamos para relembrar néons, calças de cintura alta, materialismo consumido, Michael Jackson, Madonna e uma década de cinema simplificado para o grande público.

A propósito da visita ao passado do novo filme de Richard Linklater aproveitamos para relembrar néons, calças de cintura alta, materialismo consumido, Michael Jackson, Madonna e uma década de cinema simplificado para o grande público.

Lembrados pelo materialismo e consumismo que viu explodir a cultura yuppie, particularmente nos Estados Unidos, os anos 80 viram ainda surgir a explosão do computador pessoal, o nascimento do Pacman e a eclosão dos canais de cabo, como a MTV, que ajudaram a catapultar para a fama uma série de figuras pop que viriam a marcar a década e a história.

Enquanto a Moda atravessava um período agitado (ou simplesmente estranho), a música digitalizava as suas sonoridades a passos largos pelos walkmans e diskmansde todos os bolsos. Para o Cinema, foi um momento de alterações fundamentais, o início de um novo futuro. 

Nos anos 80, a criatividade na sétima arte foi ofuscada pela necessidade de homogeneizar títulos e torná-los mais comercializáveis. O foco deixou de estar na experimentação e na provocação conceptual dos anos 60 e 70 para nos introduzir a uma era de entretenimento simplificado e culturalmente mais acessível, com conceitos narrativos possíveis de explanar em 25 palavras ou menos.

Geralmente considerado como um período menor na história do Cinema, os 80sauspiciavam um futuro pouco risonho para a indústria, alimentando-se à base do desejo de capitalizar emergência tecnológica em busca do blockbuster perfeito. 

Mas hoje é dia de reinterpretações e reavaliações, de destruição de preconceitos e de subvalorizações. Hoje é o dia em que recordamos clássicos absolutos que só a esquizofrenia pop desta década poderia oferecer. Hoje, é o dia em que damos a volta aos 80’s em 30 filmes imperdíveis. 

1980

A década arrancou com o alvoroço do assassinato de John Lennon, mas antes do ícone dos Beatles deixar para trás duas décadas de genialidade musical, a indústria cinematográfica parecia prever uma Era grandiosa. Stanley Kubrick visitou o género do terror para deixar uma marca no género com Shining, enquanto Martin Scorsese continuava a beber inspiração da entrega d’O método de Robert DeNiro. Touro Enraivecido pode ter perdido o Óscar de Melhor Filme para Gente Vulgar, mas marcou indelevelmente a história do Cinema. A consequência do inesperado sucesso do "pequeno" Star Wars, em 1977, ditou o início de um dos maiores franchises de sempre, que este ano lançou aquele que é considerado por muitos como o melhor e definitivo filme da saga: O Império Contra-Ataca.

1981

Diz a cultura popular que Steven Spielberg e o seu Tubarão foram os resolutos criadores do blockbuster moderno, pelo que não é surpresa nenhuma que o realizador americano tenha vivido para alimentar o mito das grandes produções ao longo de toda a sua carreira. Em

1981

gerou mais um: Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida, que colocava um valoroso arqueólogo com queda para a aventura numa corrida contra o tempo (e os Nazis). Foi também neste ano que a extraordinária mente de George Miller deu corpo à loucura em celulóide com Mad Max 2: O Guerreiro da Estrada, um épico de violência e febril ação sem igual na história do Cinema. 

1982

Michael Jackson estilhaçou records com o lançamento de Thriller, mas no cinema foi a Ficção Científica que estabeleceu marcos memoráveis. Depois de, em 1979, nos ter obrigado a gritar no vácuo espacial com Alien – O Oitavo Passageiro, em

1982

voltou-se a alargar os limites do género, redefinindo-o por completo com Blade Runner. Por outro lado, Steven Spielberg fortaleceu a sua posição como Rei da Bilheteira com o lançamento de mais um histórico blockbuster que examinou a peculiar amizade entre uma criança problemática e um simpático alien que só desejava regressar ao seu mundo em E.T.

1983

O histórico lançamento do mais popular processador de texto do mundo (Microsoft Word) não foi o único evento a marcar o ano de

1983

. Este foi um ano de homens, com todas as suas forças e fraquezas – desde a face ultraviolenta de Al Pacino, que para sempre nos mudou em Scarface, passando pelo lado feminino e mais emocional de Dustin Hoffman em Tootsie, sem esquecer os heróicos esforços de Luke Skywalker para trazer Darth Vader para o lado bom da força, em Star Wars: O Regresso de Jedi. 

1984

Em ano de grandes contrastes cinematográficos, saltitamos entre a comédia kitchde Ghostbusters e o drama de crime épico de Sergio Leone (Era uma Vez na América), para confrontarmos o hilariante mockumentary da indústria musical This is Spinal Tap com a ação futurista de O Exterminador Implacável. No final do dia nem os sonhos sobreviveram porque para sempre Wes Craven nos alimentou os pesadelos (Pesadelo em Elm Street).

1985

Chegávamos a meio da década e o Cinema vestiu-se de negro em luto pela perda de uma das suas mais icónicas figuras. A morte de Orson Welles pesou na indústria ainda que, curiosamente, esta lhe tenha oferecido um esperançoso contraponto adolescente.

1985

floresceu e brotou em espírito juvenil, quer seja pela irreverência contra o conservadorismo de Breakfast Club; a aventura destravada d’Os Goonies ou a inventiva inteligência que marcou a inocente ternura de Regresso ao Futuro.

1986

Costuma dizer-se que depois da tempestade vem a bonança, e ainda que não haja forma de cooperar, corrigir ou apagar a desmedida devastação trazida pelo desastre nuclear de Chernobyl, o Cinema fez-se pelo menos valer de um dos seus mais tremendos anos de escapismo da década. David Lynch emaranhou-nos na teia de luxuoso mistério de Veludo Azul enquanto Ellen Ripley ajustou contas violentas com a titânica Rainha-Mãe de Aliens e Platoon revisitou os ainda frescos horrores da Guerra do Vietname. Num panorama mais familiar, Conta Comigo bebeu inspiração na nostálgica saudade da infância enquanto Woody Allen aproveitou para edificar um dos seus melhores e mais esperançosos romances com Ana e as Suas Irmãs.

1987

No mesmo ano em que o antidepressivo Prozac foi oficialmente lançado nos Estados Unidos, a comunidade cinematográfica parecia ter de aprender a lidar com uma série de protagonistas enlouquecidos – pelo dinheiro e poder em Wall Street, pela paixão carnal em Atração Fatal, pelos fantasmas da Guerra do Vietname em Nascido para Matar.

1988

Todos os anos têm a capacidade de trazer uma Revolução Cinematográfica, mas

1988

foi especial... porque trouxe duas. A ação e ritmo frenético de Die Hard ajudou a defini-lo como o quintessential Filme de Ação e um clássico instantâneo, enquanto o subvalorizado exemplar de culto Quem Tramou Roger Rabbit? amotinou a indústria ao fundir animação tradicional com atuações live action.

1989

Não admira que esta década cinematográfica acumule má fama, particularmente com uma despedida tão desinspirada. Enquanto nos ocupávamos com o acompanhamento da Queda do Muro de Berlim e a ascensão da World Wide Web,

1989

trouxe pouco de novo ao Cinema, destacando-se a examinação do preconceito e racismo de Não Dês Bronca (de Spike Lee) e aquele que se manteria até à reinvenção de Christopher Nolan como o melhor e mais negro Batman no grande ecrã, realizado por Tim Burton e protagonizado por Michael Keaton.

Catarina D'Oliveira By Catarina D'Oliveira

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