Todas iguais, mas todas diferentes. É o tempo que marca a distinção. Porque não conseguimos fugir-lhe, adaptamos os cuidados de beleza às alterações que provoca nos nossos rostos.
Todas iguais, mas todas diferentes. É o tempo que marca a distinção. Porque não conseguimos fugir-lhe, adaptamos os cuidados de beleza às alterações que provoca nos nossos rostos.
Fotografia de Alyona Kuzmina. Styling de Stefania Chekalina. Vogue Portugal, janeiro/fevereiro 2021
Fotografia de Alyona Kuzmina. Styling de Stefania Chekalina. Vogue Portugal, janeiro/fevereiro 2021
Sejamos honestas: um rosto de 20 anos não vai precisar do amor e carinho que um mais maduro, da mesma forma que os dois não vão ter necessidades iguais. E por mais jovens que nos possamos sentir, o tempo vai trazendo novos desafios ao corpo, e é na pele que mais se espelham. As borbulhas, as linhas finas e as manchas vão começar a surgir, mais cedo ou mais tarde. Bem, preferencialmente mais tarde. Para isso é preciso ler, estudar e perceber o que é que a pele precisa para estar sempre no seu melhor. Seja aos 20, aos 30 ou aos 70 anos, nunca é tarde para começar a dar ao rosto o que necessita para estarmos na melhor versão de nós mesmas. Sabemos que, à partida, uma pele tez envelhecida requer mais atenção do que pele jovem, mas nada como falar com um especialista para saber exatamente o que fazer. A Vogue falou com o Dr. Luís Sousa Uva, diretor clínico da Personal Derma, para obter as melhores insider tips.
20s
Não vale a pena começar cedo a utilizar componentes agressivos como retinol. “Por ser uma pele mais sensível”, deve ser cuidada com ácido hialurónico, um ingrediente que “funciona como íman, vai puxar moléculas do nosso organismo para a superfície da pele, portanto atua como fator hidratante e ajuda a reter água.” Além de estar presente em muitos cremes e séruns, é ainda um componente utilizado para preenchimentos em procedimentos estéticos. Já os alfahidroxiácidos “são normalmente bons para quase todos os tipos de pele”, especialmente para as que ainda sofrem de acne. O nome pode ser irreconhecível, mas talvez já tenha detetado a sua sigla em rótulos - AHA. São “ácidos derivados de frutos que têm propriedades de rejuvenescimento e de correção de pequenas marcas”, como o ácido glicólico ou o ácido cítrico. Não podemos deixar de parte os peptídeos - “cadeias de aminoácidos que aumentam as proteínas na pele” - que são utilizados em cremes e séruns para retardar o envelhecimento através da produção de colagénio.
30s
A vida académica chega ao fim e começa um novo capítulo que implica mais trabalho, menos procrastinação e um ritmo significativamente mais ativo e acelerado. Quer isto tudo dizer que, nesta faixa etária, é provável que tenhamos “uma vida muito ativa, muito vivida no exterior.” Aqui, é essencial salvaguardar-nos das agressões do sol com protetor solar. A vitamina C é o componente de eleição para ser integrado na rotina de skincare nestas idades, seja em séruns ou cremes de tratamento. Mais do que uma vitamina, é um antioxidante que vai atuar na prevenção de sinais de envelhecimento, inibindo a produção de radicais livres que danificam a pele pela exposição prolongada aos raios UV e à poluição. Para além disso, a vitamina C “aumenta a luminosidade e ajuda a retirar manchas, portanto clareia” e uniformiza o tom da tez. Este ingrediente tem ainda uma ação promotora da produção de colagénio, o que vai deixar o rosto com um aspeto mais firme.
40s
Com o passar do tempo, a pele vai-se tornando cada vez mais seca, já que “a circulação periférica se altera e isso é muito evidente.” Se há algo que é mais provável que aconteça nesta fase é uma maior vulnerabilidade a agressões externas e, pouco a pouco, os sinais da idade vão-se revelando nas pequenas manchas de hiperpigmentação e nas linhas finas que vão surgindo. É por isso que devemos começar a utilizar produtos com vitamina E em forma de sérum ou, para os casos de maior desidratação, em óleo. Este componente tem um funcionamento semelhante à vitamina C: enquanto um antioxidante, “ajuda a proteger as células dos danos oxidativos, da poluição e do sol”, inibindo os radicais livres. Para além disso, “reage para proteger, hidratar e minimizar as vermelhidões.” É, também, uma boa altura para implementar o uso de hidroquinona, “um agente despigmentante” que atua no bloqueio da “enzima que desencadeia a produção de melanina, que é o que dá pigmento.” Este componente, presente em cremes de tratamento, vai uniformizar o tom da pele e clarear manchas, como as acumulações de melasma que acontecem “após as alterações hormonais da gravidez.”
50s
O segredo para manter peles maduras com uma aparência mais jovem e saudável é, segundo Luís Sousa Uva, o retinol. É um derivado de vitamina A que “atua na própria genética das células, promovendo uma renovação da epiderme e aumentando a produção de colagénio.” São inúmeros os benefícios do uso de retinol, começando pelo combate do acne ao reduzir a inflamação e ajudar na desobstrução dos poros. Porque é um componente que favorece a renovação celular da pele, pode ser utilizado para uniformizar o tom e a textura, “melhorando as rugas, marcas e outros problemas associados ao envelhecimento cutâneo, como a pigmentação do fotoenvelhecimento.” Quanto às suas propriedades anti idade, o retinol proporciona também uma tez mais firme e elástica - graças ao colagénio - bem como reduz a aparência de rugas e flacidez. Nestas idades, o retinol é um ingrediente que é “importante ter sempre no creme da noite, ainda por cima numa altura de inverno.”
60s
Em fases mais avançadas do envelhecimento da pele, começa a tornar-se mais custoso manter a hidratação, particularmente devido à dificuldade de garantir a circulação periférica, que se nota, por exemplo, nas pernas. Quando a produção de colagénio começa a diminuir, a partir dos 40 ou 50 anos, a tez é a primeira a dar sinal: as linhas vincam mais e o rosto e o pescoço ficam cada vez mais flácidos. Nesta fase, é preciso “mais gordura, um creme mais espesso para poder hidratar mais” para compensar. Depois de ter passado algum tempo a utilizar retinol em percentagens baixas - desde 0,01% até cerca de 0,2% - está na altura de iniciar um tratamento mais agressivo. O sérum pode (e deve) ter 0,3% ou até mesmo 1%, se a pele não for sensível demais para percentagens tão altas. Este componente deve ser incorporado na rotina de skincare de noite e seguido de um hidratante bem espesso.
70s
Chegados os golden years, os anos em que finalmente o trabalho deixa de ser uma prioridade, podemos começar a viver verdadeiramente para nós próprias. Com mais tempo e mais conforto financeiro, o self care pode tornar-se na atividade principal das nove às cinco. Nestas idades, podemos pensar em “procedimentos dermocosméticos”, se o desejo for o de voltar atrás no tempo para rejuvenescer e restaurar uma pele mais danificada. No que toca a cuidados, o retinol em altas percentagens deve continuar a fazer parte da rotina de tratamentos e podemos ainda acrescentar o resveratrol: um antioxidante presente em uvas, bagas e até em chocolate negro. Este ingrediente funciona de forma semelhante ao derivado de vitamina A, já que inibe a produção de radicais livres e promove a formação de colagénio, abrandando “o processo de envelhecimento em geral.” Mais do que isso, esta é a altura para ter cuidados redobrados com agressões externas, é preciso “proteger mais do sol e hidratar mais”, especialmente com “cremes com mais gordura e menos fluidos.”
Artigo originalmente publicado na Time Issue da Vogue Portugal, de dezembro de 2022.
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