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One-piece wonder: a evolução do jumpsuit

09 Jun 2020
By Mónica Bozinoski

Ao contrário daqueles one-hit wonders que ficaram escondidos e esquecidos no fundo dos nossos guarda-roupas, os jumpsuits continuam a ocupar o center stage da indústria da Moda. Afinal de contas, a união faz (mesmo) a força.

Ao contrário daqueles one-hit wonders que ficaram escondidos e esquecidos no fundo dos nossos guarda-roupas, os jumpsuits continuam a ocupar o center stage da indústria da Moda. Afinal de contas, a união faz (mesmo) a força.

©Getty Images; ImaxTree

São poucas as peças de roupa que conseguem resistir a saltos de paraquedas, conflitos mundiais, viagens à Lua e noites intermináveis no Studio 54, e sobreviver a tudo isto para contar a história, mas o all-in-one – aquele elemento único e unificador que já salvou todas nós das horríveis e temidas crises de “um armário cheio e nada para vestir” – é uma delas. De invento funcional a melhor amigo da disco e amante do street style, o jumpsuit permanece uma das tendências mais consistentes num mundo em constante (e rápida, muito rápida) mudança, bem como um dos staples de estilo mais interpretados e reinterpretados pelo vasto universo da Moda. Mas nada a que o all-in-one não esteja habituado – afinal de contas, esta silhueta já serviu os mais diversos propósitos, profissões, moods e eras.

Rewind para 1919, o ano em que a peça mais prática do guarda-roupa feminino (perdoem-nos as t-shirts brancas, os jeans de cintura subida e aquela camisola de caxemira que sobrevive a todas as estações) nasceu. Originalmente concebido por Thayat, pseudónimo do designer italiano Ernesto Michahelles, e adotado pelos paraquedistas e aviadores da época pela sua funcionalidade, aquele que é considerado o primeiro jumpsuit era um modelo subversivo, libertador, universal e antibourgeois – nas palavras do seu criador, era “a peça de vestuário mais inovadora e futurista alguma vez produzida na história da Moda italiana.”

Verdade ou mentira, o que é certo é que, com a chegada dos anos 30, a silhueta aterrou nas mãos de Elsa Schiaparelli, que começou a desenhar jumpsuits com detalhes mais couture e materiais mais nobres, pensados para mulheres elegantes. O estilo não poderia estar mais longe daquele que, na década seguinte, viria a ser concebido pela designer norte-americana Vera Maxwell – em 1942, com as mulheres a substituírem os homens na força laboral devido à guerra, a empresa Sperry Gyroscope pediu a Maxwell que criasse um uniforme confortável e prático, capaz de resistir aos trabalhos pesados da indústria e fazer as mulheres sentirem-se atraentes nele. O resultado? O histórico Rosie the Riveter, um jumpsuit utilitário imortalizado pelo poster “We Can Do It!”.

Apesar de hoje estar em todas as passerelles – podíamos correr o abecedário da Moda e encontrar um all-in-one em cada uma das suas letras –, o jumpsuit nem sempre foi a escolha mais óbvia, e muito menos a mais popular, quando chegava a hora de escolher o outfit of the day. Ou até mesmo o outfit of the night. Isto porque, fora do mundo do desporto e do mundo laboral, que desde cedo apreciaram o quão prático, confortável e funcional o all-in-one era, a silhueta demorou algumas décadas a levantar voo. Mas, assim que o fez, nunca mais deixou de caminhar entre as estrelas – de Hollywood e mais além, claro. Das atrizes Katharine Hepburn e Janet Leigh, que ajudaram a glamorizar os jumpsuits elegantes e cintados durante a Era Dourada do Cinema, passando pelos modelos altamente ornamentados de Elvis Presley, a silhueta acabou por aterrar nas páginas da Vogue norte-americana – um one-piece castanho, em malha jersey, criado por Guy Laroche e fotografado por Irving Penn para a edição de setembro de 1964 –, os anos 50 e 60 foram uma verdadeira rampa de lançamento para o jumpsuit, transformando-o num verdadeiro statement de estilo.

Quando a década de 70 virou a esquina, o all-in-one (fosse na sua versão mais sporty e descontraída para o dia, ou na sua versão mais wow factor e sensual para a noite) estava all over the place. Que é como quem diz, estava em todo o lado: designercomo Emilio Pucci, Yves Saint Laurent, André Courrèges e Oscar de la Renta criaram as suas próprias versões da silhueta; nomes como Abba, David Bowie, Cher, Diana Ross, Jerry Hall, Farrah Fawcett e Bianca Jagger ajudaram a imortalizar o jumpsuit, fosse em palco ou na icónica pista do Studio 54, onde os designs de Halston eram rainhas da noite; e o look militar de Sigourney Weaver em Alien, o cool dos originais Ghostbusters, o jumpsuit preto, justo e cintado de Madonna no videoclipe de Papa Don’t Preach, o all-in-one em PVC vermelho de Britney Spears em Oops! I Did It Again e o inesquecível one-piece com padrão leopardo de Mel B (circa Spice Girls, óbvio) injetaram uma dose de cultura pop à silhueta. Não foi por acaso que, nos anos 80, o designer norte-americano Geoffrey Beene definiu o jumpsuit como “o vestido de noite do próximo século”.

Mónica Bozinoski By Mónica Bozinoski

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