Dor e Glória, o mais recente filme do indiscutível rei do Cinema espanhol, estreia-se nas salas de cinema portuguesas a 5 de setembro. Em jeito de antecipação, a Vogue reuniu sete obras cinematográficas de Pedro Almodóvar que são, também, verdadeiras lições de estilo.
Dor e Glória, o mais recente filme do indiscutível rei do Cinema espanhol, estreia-se nas salas de cinema portuguesas a 5 de setembro. Em jeito de antecipação, a Vogue reuniu sete obras cinematográficas de Pedro Almodóvar que são, também, verdadeiras lições de estilo.
Penélope Cruz em Tudo Sobre a Minha Mãe ©Movie Still
Penélope Cruz em Tudo Sobre a Minha Mãe ©Movie Still
Com uma propensão para padrões vibrantes, paletas cromáticas saturadas e um design moderno, a estética de Pedro Almodóvar é inconfundível. A obra do realizador — que, traduzida em números, equivale a 40 anos de carreira, 21 longas-metragens e dois Óscares — cimentou a sua posição como mestre contemporâneo do Cinema espanhol, mas é a sua linguagem visual maximalista que faz dele um alicerce cultural. O segredo? Cenários ecléticos, uma cinematografia extraordinária e um guarda-roupa ousado e playful.
Depois de uma pausa de três anos, Almodóvar está de regresso com Dor e Glória, a história de um realizador envelhecido que reflete sobre a sua vida, interpretado por Antonio Banderas. Antecipando a sua estreia nas salas de cinema portuguesas a 5 de setembro, a Vogue faz uma retrospetiva da carreira de Almodóvar com sete filmes que são, à sua maneira e gosto, lições de estilo.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)
©Movie Still
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Uma estrela de televisão destroçada embarca numa viagem para descobrir o porquê do seu amante a ter abandonado, numa comédia naquele que é o primeiro sucesso mainstream do realizador. Em linha com a narrativa surreal e as personagens maiores que a vida desta comédia, o guarda-roupa é deliciosamente kitsch: casacos de ganga adornados, skirt suits em tons pastel e blusas estampadas com polka dots, conjugadas com bandoletes e penteados altos. As joias também merecem o seu devido destaque — incluindo um par de brincos no formato de uma cafeteira em miniatura.
Tudo Sobre a Minha Mãe (1999)
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Pioneiro na sua dissecação sobre a maternidade, a transexualidade e a epidemia da SIDA, este drama valeu um Óscar de Melhor Filme Estrangeiro a Almodóvar, bem como uma legião de fãs internacionais. A história segue uma enfermeira que viaja até Barcelona depois da morte do seu filho, na esperança de encontrar o pai do mesmo. Em vez disso, encontra uma série de trabalhadores sexuais, hustlers, estrelas de Cinema e uma freira grávida, interpretada na perfeição por uma jovem Penélope Cruz. O guarda-roupa está no ponto e é dotado de pormenores vermelho cereja — dos lenços de Cruz ao sobretudo de Cecilia Roth.
Fala com Ela (2002)
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Duas mulheres — uma matadora ferida durante uma tourada e uma bailarina atropelada por um carro — ficam em coma e tornam-se objetos voyeurísticos de desejo para dois homens. Apesar da direção de arte ser comparada à exuberância Pop Art de High Heels ou Kika, o guarda-roupa não é menos arrebatador. Entre as mais bem vestidas está Geraldine Chaplin, uma elegante professora de dança em camisas impecavelmente brancas e casacos à medida.
Voltar (2006)
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Inspirado no estilo das novelas espanholas e de uma Sophia Loren pré-Hollywood, Voltar brilha com uma promessa sensual. Um tumulto de cores e padrões ocupam todos os cantos do ecrã; e muito se deve à performance explosiva de Penélope Cruz no papel de Raimunda, uma mulher trabalhadora que luta para proteger a sua filha. A atenção ao detalhe de Bina Daigeler, responsável pelo guarda-roupa, é inigualável — e a prova está no facto de vestir Cruz em saias pincel estampadas, tops florais e casacos de malha gingham, compensados com argolas douradas e um medalhão com a imagem de Cristo cruxificado.
Abraços Desfeitos (2009)
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Um austero fato Alaïa, um lenço de seda Loewe, um vestido de noite com correntes douradas — o guarda-roupa deste thriller de Almodóvar é um dos melhores, ditando o tom para um romance tenso, ao estilo de Hitchcock. Penélope Cruz desempenha o papel de uma aspirante a atriz, que se encontra no meio de uma relação com um financiador ciumento e um romance apaixonado com um diretor. Quando fica com este último, os dois fogem para Lanzarote e os seus vestidos esculturais abrem caminho a saias fluidas e chapéus de palha.
Julieta (2016)
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Adaptado de três contos de Alice Munro, Julieta é um retrato tenro do distanciamento entre uma mãe e a sua criança. Conhecemos a heroína do mesmo nome em Madrid, quando um encontro por acaso com Beatriz, uma amiga da sua filha Antía, lhe dá notícias sobre a mesma. Consumida pela culpa, pelo luto e pela esperança de uma reconciliação, ela procura reestabelecer o contacto. Flashbacks alucinantes à juventude de Julieta contém uma série de referências aos anos 80 (ombros largos, brincos clip-on), mas são os seus coordenados contemporâneos que levam o troféu de mais sofisticados: a personagem é fã de Céline e Hermès, enquanto Beatriz é um sonho tornado realidade em Dior, dos pés à cabeça.
Dor e Glória (2019)
©Movie Still
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No projeto mais recente de Pedro Almodóvar, um inquietante realizador relembra a sua infância, analisa as suas feridas emocionais e enfrenta os seus próprios fracassos. A prestação de Antonio Banderas é melancólica, mas o seu guarda-roupa permanece flamboyant. Existem casacos de pele vibrantes, fatos em tons de pedras preciosas e camisas estampadas, algumas das quais foram retiradas do guarda-roupa de Almodóvar.