O manifesto que reune 25 criadores de Moda nacionais quer tornar o setor em Portugal mais resiliente, mais reconhecido, mais forte, mais unido. Uma força já há muito devida.
O manifesto que reune 25 criadores de Moda nacionais quer tornar o setor em Portugal mais resiliente, mais reconhecido, mais forte, mais unido. Uma força já há muito devida.
Project Vogue Union © Branislav Simoncik
Project Vogue Union © Branislav Simoncik
“Pela primeira vez, por vontade dos designers, é promovida uma acção que reforça a narrativa colaborativa do setor, mostrando que a união faz a força. Uma iniciativa de apoio à produção nacional e economia local, celebrando a moda de autor e a qualidade do design português, um ADN que é o nosso”, explica Katty Xiomara, porta-voz do manifesto Uma Voz, ratificado ainda por Alexandra Moura, Anabela Baldaque, Carla Pontes, Carlos Gil, Daniela Barros, David Catalán, Dino Alves, Diogo Miranda, Duarte, Estelita Mendonça, Fátima Lopes, Filipe Faísca, Hibu Studio, Hugo Costa, João Melo Costa, Júlio Torcato, Luís Buchinho, Luís Carvalho, Miguel Vieira, Pé de Chumbo, Ricardo Andrez, Sara Maia, Storytailors e Susana Bettencourt.
É com base neste repto que os 25 nomes da Moda de autor em português enviaram um manifesto ao Presidente da República e ao primeiro-ministro a pedir estatuto profissional e uma Ordem dos Designers. Intitulado Uma Voz, as assinaturas chegam de criadores de diferentes gerações e zonas do país para se fazer ouvir, em uníssono, junto do Presidente da República e Primeiro-Ministro, mas também Ministro dos Negócios Estrangeiros, Secretário de Estado da Internacionalização, Ministra da Cultura, Secretária de Estado do Turismo, Ministro da Economia, bem como diversas associações do setor da moda, têxtil e calçado, como o Portugal Fashion, ModaLisboa, Associação Portuguesa Ind. Calçado Componentes Artigos Pele Sucedâneos (APICCAPS) e a Associação Têxtil e Vestuário De Portugal (ATP), de acordo com depoimentos de Xiomara à agência Lusa.
O documento, que apela ao reconhecimento de um estatuto profissional e expressa a vontade de criar uma Ordem dos Designers, quer sublinhar a importância da classe profissional dos criadores enquanto “agentes ativos do desenvolvimento e representação da identidade nacional com reflexo directo nas áreas do turismo, cultura e indústria têxtil, dentro e fora das nossas fronteiras”, mas também pretende a "representatividade dos designers e criadores de moda de autor durante o processo de definição das estratégias e ações de promoção apoiadas pelo estado português, com o objetivo de promover e divulgar a moda portuguesa, tanto em território nacional como internacional” e apelar ainda à necessidade de refletir em "algumas medidas que tornem possível um posicionamento mais competitivo da atividade”, dando “elegibilidade as particularidades dimensionais e artísticas àquele micro setor no enquadramento dos novos programas de apoio específico”, lista o manifesto.
A pandemia terá servido de catalisador para uma aceleração de uma vontade já há muito debatida e disctida entre a classe: "com a covid-19, tudo se prestou a uma urgência maior, porque estamos todos a passar por momentos muito específicos, muito distintos que não eram previsíveis”, declarou a designer, acrescentando que o primeiro-ministro já respondeu à carta “congratulando a ideia” dos criadores de moda de autor e assumindo intenção de apoiar a criação de um estatuto profissional destes trabalhadores especializados.
Uma Voz tem início com a união dos designers independentes e criadores de moda de autor que desenvolvem o seu trabalho em Portugal, uma aliança a que a maioria não é estranha: alguns elementos deste grupo já se juntara sob a égide da cápsula Vogue Union, um repto lançado à classe pela Vogue Portugal na altura em que se sentiam as primeiras dificuldades, consequência da quarentena provocada pelo novo coronavírus.
"Unidos, partilhamos visões e preocupações pessoais, não só sobre o atual panorama nacional da moda de autor, mas também sobre as vicissitudes associadas ao exercício desta atividade e a fragilidade socioeconómica de quem a pratica. Foi transversal no reflexo dessas partilhas que, mesmo existindo particularidades, é notório que as grandes dificuldades são coletivas e estruturais perdurando no tempo há vários anos. Perante o atual cenário de emergência, todos concordamos que este momento representa uma oportunidade para uma mudança de paradigma”, lê-se no manifesto.
O manifesto Uma Voz terá ainda uma morada online, onde todos os designers que queiram juntar a sua voz possam unir-se à causa e verem aqui o seu nome, contactos e valências listados. por enquanto, pode apoiar, visitando a loja temporária, em Guimarães, aberta entre 27 de Novembro e 19 de Dezembro, no centro histórico daquela cidade, cujo objetivo é assinalar a primeira iniciativa do Uma Voz. Instalado na loja da Pé de Chumbo (R. Dona Maria II, 85), estará aberto de segunda a sexta-feira, entre as 13h e as 20h, e aos sábados e feriados, das 9h30 às 12h30.
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